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Ricardo participa de ato em defesa da democracia e diz que não vai ter golpe

publicado: 31/03/2016 21h27, última modificação: 31/03/2016 21h27
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Cerca de dez mil pesoas lotaram o Ponto de Cem Réis, no Centro de João Pessoa, para dizer não ao impeachment da presidente Dilma - Foto: Ortilo Antonio

tags: ricardo coutinho , manifestação , democracia


Feliphe Rojas
- Especial para A União

O ato político cultural em defesa da democracia e do Estado de Direito levou cerca de 10 mil pessoas (número estimado pelos organizadores do evento) ao Ponto de Cem Réis no início da noite de ontem, em João Pessoa. A manifestação, organizada em nível estadual pela Frente Brasil Popular e pela Central Única dos Trabalhadores na Paraíba, faz parte de uma jornada nacional de lutas. Além da capital, Campina Grande e Cajazeiras registraram mobilizações contrárias ao que consideram “golpe” contra a democracia brasileira.

A principal liderança política a falar no palco foi o governador Ricardo Coutinho. “Nesse momento, a Paraíba, que nunca se calou, não terá um governador covarde, não!”, e em seguida ressaltou o Estado democrático: “O Brasil precisa mais do que nunca do respeito à democracia. Quem lê história sabe que somos produtos de uma época que foi muito difícil para o nosso país, que foi a ditadura militar. Por isso é importante dizer que não vai ter golpe nesse país”. Ricardo ainda criticou a cúpula do PMDB e a Câmara Federal por arquitetarem a saída de uma governante eleita democraticamente e que tem legitimidade, ao mesmo tempo que seus integrantes são investigados em esquemas de corrupção.

O palco foi montado no Ponto de Cem Réis ainda na quinta-feira para a manifestação que estava prevista para ter início às 18h. Por volta das 16h, os manifestantes estavam divididos em várias concentrações: uma na praça Rio Branco (do Sabadinho Bom); outra na praça Presidente João Pessoa (dos Três Poderes) e outra em frente ao Lyceu Paraibano, convergindo posteriormente para o Ponto de Cem Réis a partir das 17h30.

Outro político que expôs seu ponto de vista sobre a conjuntura atual foi o deputado estadual petista Anísio Maia. “Vivemos dois movimentos hoje no Brasil: um de certa forma estimulado pela Rede Globo de Televisão e esse aqui no sentido oposto, um movimento dos setores organizados da sociedade, sindicatos, entidades e artistas que vem para cá com um objetivo político muito forte na cabeça. Aqui nós lutamos para que o Brasil continue evoluindo no sentido de distribuição de renda, programas sociais, soberania nacional. Essas grandes bandeiras que lutamos tanto para estabelecer. Eles chacoteiam conosco, que estamos comendo mortadela e isso só mostra o preconceito que eles têm do povo. Para eles as entidades populares não servem de nada. Eles odeiam as organizações populares”, explicou.

Golpe do Judiciário

Antes das apresentações culturais, o cientista político José Henrique Artigas, representando a Frente Brasil Popular, discursou ao lado da estátua de Vidal de Negreiros. Em sua fala, fez uma retrospectiva histórica do Brasil e dos eventos que culminaram na ditadura militar de 1964. Artigas comparou também a atuação do Judiciário de hoje ao dos militares da época da ditadura.

“Vivemos a politização da Justiça quando os juízes, os tribunais, o Ministério Público, a Polícia não agem para garantir o equilíbrio e preservar as leis e os princípios constitucionais. Ao contrário, o que estamos vendo nesses últimos momentos é uma Justiça que vilipendia a nossa constituição, que nega direitos fundamentais de liberdades individuais. O que temos visto é o fim da presunção da inocência. Quando um juiz toma um lado, é partidário, age como um político, não há mais Justiça. Não há mais equilíbrio, não há mais racionalidade. Prisões preventivas injustificadas, interposição de grampos ilegais. Divulgação e investigação ilegal de grampos envolvendo personalidade com foro privilegiado. Advogados de defesa sem acesso aos autos dos processos. Estes tipos de coisas só aconteciam no período da ditadura. O Judiciário está fazendo hoje o que os militares faziam na ditadura de 64”, afirmou.