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Ruy Carneiro propõe comprar vagas

publicado: 02/08/2024 13h27, última modificação: 02/08/2024 13h27
Em entrevista à Rádio Tabajara, pré-candidato revela estratégia para atender estudantes da rede municipal
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Pré-candidato Ruy Carneiro vê necessidade de construir creches emergencialmente e pretende ampliar o número de escolas municipais em João Pessoa | Foto: Roberto Guedes - Foto:

por Filipe Cabral*

O pré-candidato a prefeito de João Pessoa Ruy Carneiro (Podemos) disse, ontem, em entrevista à Rádio Tabajara, que pretende comprar vagas para estudantes da rede municipal em creches e escolas particulares da cidade como forma de solucionar os problemas de educação pública da capital.

O deputado federal, cuja candidatura deve ser homologada em convenção do partido na próxima segunda-feira (5), foi o terceiro entrevistado da sabatina organizada pela emissora da Empresa Paraibana de Comunicação (EPC) com pré-candidatos a prefeitos de João Pessoa. As entrevistas são realizadas ao vivo, no estúdio da rádio, durante o programa Fala Paraíba, com apresentação de Ívyna Souto e Suely Gonçalves, a partir do meio-dia.

“Temos que construir creches emergencialmente. Eu sou a favor, inclusive, de se comprar vagas em creches particulares que têm condição de ofertar esse serviço. Nós temos esse mesmo problema na questão das escolas. Nós temos que ampliar o número de escolas”, afirmou.

Ainda sobre o tema da educação, Ruy propôs aproveitar a estrutura das escolas nos fins de semana para ofertar, gratuitamente, atividades culturais, esportivas e de reforço escolar aos estudantes.

“Durante o fim de semana, você colocaria uma equipe para tratar de cultura, de arte, de esporte. Se você tem ali uma sala de aula, um espaço já pronto, você pode ter, ali, aula de teatro, aula de pintura, de instrumentos musicais, ensaio de quadrilha, bandas de música — que era uma característica nossa. Você pode usar aquele espaço para futebol, balé, jiu-jítsu. Enfim, você tem uma escola com um ginásio e 10 salas de aula. Então você tem, ali, em diversos horários, 11 possibilidades de atender a uma comunidade que tem dificuldade de transporte coletivo e não tem como se deslocar daquele espaço. Nós queremos abrir a possibilidade de que o jovem e o adolescente tenham um serviço dado pela Prefeitura perto da casa deles”, explicou.

Ao longo da entrevista, Ruy Carneiro também respondeu a perguntas das apresentadoras e de ouvintes sobre infraestrutura, mobilidade urbana, saúde, segurança pública, ações sociais e emprego e renda.

Em relação à mobilidade urbana, por exemplo, o pré-candidato foi direto: “O conceito mundial de cidades inteligentes é você ter uma cidade onde, cada vez mais, você ande de transporte coletivo, ande de bicicleta e ande a pé”. Neste sentido, Ruy elencou como prioridade a revisão dos contratos de concessão das empresas de transporte que atuam no município.

“Primeiro tem que avaliar se a passagem de R$ 4,90 é justa ou não e se o contrato está sendo cumprido. O contrato tem que ser cumprido ,e as empresas têm que ser fiscalizadas. Isso é uma concessão pública. Você não pode fazer com que o seu concessionário faça com você, que é o contratante, o que ele quer. E isso atinge a mobilidade urbana como um todo porque, a partir do momento que existe essa degradação do transporte coletivo, existe uma migração natural para carro e moto e, consequentemente, existe um trânsito muito maior”, comentou.
Ainda sobre transporte público, o pré-candidato disse que pretende subsidiar o preço da passagem com recursos da Prefeitura.

“O que é que acontece hoje? A pessoa com deficiência anda gratuitamente no transporte coletivo. Isso é justo? Sim, é justo! Mas quem paga essa conta? É o pobre, quando quem deveria pagar é a Prefeitura, que deu a isenção para a pessoa com deficiência. Isso onera a passagem do pobre. Isso é fazer média com chapéu alheio. Se a Prefeitura quer que a pessoa com deficiência ande gratuitamente — e eu acho [um direito] justo, inclusive para o acompanhante — ela paga. Ela não pode é dar o impacto na passagem para o mais pobre”, pontuou.

O incentivo ao uso de bicicletas e do transporte a pé também foram citados por Ruy como estratégia para reduzir o trânsito e melhorar a mobilidade na cidade. Segundo ele, a capital poderia adotar modelos semelhantes a de outras prefeituras onde os cidadãos são premiados por priorizar a bicicleta como meio de transporte. “Por exemplo, você sai e vai para a Bica [Parque Zoobotânico Arruda Câmara]. Se você chegar lá de bicicleta, você entra de graça. Então, com isso, eu estou estimulando o cidadão e a cidadã a andarem de bicicleta”, sugeriu.

Consulta à população para o Centro Histórico

O pré-candidato do Podemos disse que, para melhorar a situação do Centro Histórico de João Pessoa, o primeiro passo é conversar com a população que mora na região. Afinal, segundo ele, “é quem sabe das angústias e das melhoras que o Centro Histórico precisa”.

“Você não pode começar um projeto sem ouvir a população. Porque, a partir do momento que você fizer as mudanças necessárias para quem está lá e eles ficarem satisfeitos, é uma sinalização de que virá mais gente, que é o que os centros históricos precisam para renascer. Isso é uma fórmula do mundo todo: habitabilidade”, defendeu.

Como propostas de ações para a região, Ruy citou a instalação de uma subprefeitura e o investimento em iluminação e sinalização pública — sobretudo com informações para turistas —, além da reforma de ruas e calçadas. “O centro histórico e o centro comercial daquela área só vão renascer a partir do momento que o todo seja melhorado. A nossa prioridade é uma intervenção em todas as áreas. Por isso uma subprefeitura para a gente resgatar aquele ambiente”, reforçou.

O investimento em iluminação pública também foi citado por Ruy Carneiro ao tratar sobre o tema da segurança pública. Para ele, embora o comando das forças de segurança, como a Polícia Civil e a Militar, seja responsabilidade da gestão estadual, “o município pode e tem a obrigação de entrar nesse tema”.

“Está provado, por exemplo, que, em lugares iluminados, você tem uma incidência muito menor de delitos. Com câmera, mais ainda. Então dá para se fazer uma parceria com o Governo do Estado em relação a essa questão. Você pode ter, sim, monitoramento de câmera em escolas, em Unidades Básicas de Saúde, em PSFs [Programa Saúde da Família], em mercados, cemitérios e um acompanhamento de viaturas que estão ali mediante o monitoramento, sendo chamadas para determinado delito. Se o delito for de maior gravidade, aí chamamos a Polícia Civil e a Polícia Militar”, argumentou.

Para os problemas da saúde, além de um maior investimento nos serviços de Atenção Básica, o pré-candidato do Podemos aposta na modernização dos processos de gestão e no investimento em tecnologia.

“Uma das coisas que nós faremos é a transparência. Se nós temos aqui 200 pessoas que vão fazer [cirurgia de] catarata, isso tem que ser público — inclusive eu sou o relator desse projeto no Congresso, para acabar com o fura-fila. Isso tem que ser transparente até para constranger o gestor a tentar dar solução a isso”.

Perguntado pelos ouvintes sobre o que planeja fazer para solucionar a questão dos ambulantes na Praia de Tambaú e os problemas de entupimento de bueiros e transbordamentos de rio no bairro São José, Ruy Carneiro disse que, no primeiro caso, a saída passa pelo diálogo e pela busca de “uma equação que efetivamente atenda a todos os lados envolvidos”. “A partir do momento que a gente vai conversando com as pessoas, a gente vai chegando a equações ou ideais ou perto do ideal”, apontou.

No caso dos bueiros e rios, o pré-candidato defendeu o monitoramento das águas e a troca dos materiais utilizados na fabricação das tampas dos bueiros. “O produto do bueiro, hoje, as pessoas roubam para vender. Então trocar o produto para ninguém mais querer roubar já é uma grande mudança”, afirmou.

Em suas considerações finais, Ruy Carneiro reforçou o pedido às eleitoras e eleitores para que dêem a ele e sua vice — a perita criminal Amanda Ribeiro, conhecida como Amanda CSI — a oportunidade “de fazer uma revolução” em João Pessoa.

E acrescentou: “Tudo que tratei aqui não tem nada de muito caro, de mirabolante, de fora do normal, de promessa impossível de ser cumprida. Nós temos é que fazer funcionar o que não está funcionando”, concluiu.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 02 de agosto de 2024.