A Secretaria de Estado da Saúde (SES) realizou, nesta terça-feira (26), o I Fórum Estadual de Saúde da População Negra com foco nas implicações do racismo na saúde. A agenda aconteceu no auditório do Cefor e teve como público-alvo os gestores de saúde dos 26 municípios que têm comunidades quilombola, gerentes regionais de saúde, movimento social e instituições federais.
O objetivo do evento foi promover o debate e o diálogo sobre o racismo institucional como obstáculo para a população negra no acesso à saúde. Para a secretária executiva de Saúde, Renata Nóbrega, esse é um assunto que precisa se destacar e ganhar forças para que se consiga avançar cada vez mais. Ela afirma que a política de saúde da população negra é recente, tem apenas 10 anos, e que as diretrizes precisam ser debatidas, ampliadas e melhoradas, daí a importância de um evento como o Fórum.
“A abertura para a conversa e o debate deve ser constante e não só durante o mês de novembro. Reforçamos que a Secretaria de Saúde está à disposição para esse diálogo e combate todo tipo de violência e racismo que envolve essa temática”, pontua.
A coordenadora de Saúde da População Negra da SES, Adélia Gomes, explica que o racismo se apresenta de várias formas como no acesso à saúde e o respeito às identidades. Ela fala também da dificuldade do acesso das comunidades quilombola e dos povos de terreiro, além de algumas doenças e agravos que são prevalentes na população negra por conta da etnia. “Essas questões ainda não são consideradas no SUS, garantindo o princípio de equidade”, observa.
Debatedora do evento, a psicóloga Hildevânia Macedo ressalta que o Fórum instiga o debate sobre uma população que é maioria no SUS. Ela afirma que o racismo é um determinante social da saúde e traz implicações na questão da saúde psíquica. Em sua fala, ela abordou algumas estratégias de enfrentamento institucional do racismo enquanto profissionais da área de saúde pública.
“Esse diálogo é importante para que a gente possa de fato construir um SUS com perspectivas de equidade social, com justiça, considerando as etnias, a raça e contribuindo para que os impactos do racismo na saúde possam minimizar”, ressalta.
A professora da UFPB e participante do evento, Ednalva Maciel, reforça a importância de discutir o tipo de assistência que a população negra recebe e a qualidade do cuidado que é oferecido. Como pesquisadora sobre a doença falciforme, ela explica que tem acompanhado o adoecimento de crianças e adultos, suas dores e a forma como são incompreendidos nas unidades. Para ela, esse diálogo chama a atenção dos profissionais de saúde para elaborar uma política mais adequada.
“Esse é também um movimento que acaba incluindo outras populações, aciona as unidades de saúde, a alta complexidade, todos os níveis do Sistema Único de Saúde para a questão da desigualdade, da injustiça no campo da saúde e do respeito a essa população”, completa.