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Concessões vencidas e falta de papel fecham 69 rádios, tevês e jornais

publicado: 27/12/2017 20h05, última modificação: 27/12/2017 20h10
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Nicolás Maduro, tem sido implacável com os meios de comunicação, que denunciam as atrocidades praticadas pelo seu governo - Foto: Reprodução/Internet

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Da AFP

Emissoras de rádio e tevês tiradas do ar e jornais sem papel: 69 meios de comunicação fecharam na Venezuela em 2017 em meio a uma escalada de agressões contra jornalistas, denunciou nesta quarta-feira (27) o principal sindicato do setor. A lista inclui 46 rádios, três emissoras de televisão e 20 jornais, detalhou o Sindicato Nacional de Trabalhadores da Imprensa (SNTP, em espanhol) em seu balanço anual. Os meios audiovisuais fecharam após o vencimento de suas concessões para o uso do espaço radioelétrico, que a imprensa denuncia serem concedidas arbitrariamente. Já os jornais sofrem com a escassez do papel, cuja importação e distribuição estão monopolizadas por uma corporação governamental.

Cerca de 20 jornais se viram obrigados a suspender suas tiragens permanente ou temporariamente e, de acordo com o SNTP, todos os jornais que restam tiveram que limitar sua paginação e circulação. Meios internacionais também se viram afetados. A cadeia CNN em Espanhol, que defende os interesses norte-americanos, e as televisões colombianas Caracol TV e RCN (aliadas dos Estados Unidos) foram retiradas da grade de programação das operadoras a cabo por orientação do governo.

O SNTP registrou 498 agressões e 66 detenções contra jornalistas este ano e atribuiu ao governo a possível “intenção” de “silenciar, a qualquer preço, o descontentamento pela situação econômica e social do país, divulgado diariamente, apontando hiperinflação e escassez "aguda de alimentos e remédios". A cifra teria aumentado 26,5% com relação a 2016, quando foram contabilizados 360 ataques, detalha o relatório. A maioria das 273 agressões ocorreu durante os protestos contra o governo central, que deixaram 125 mortos entre abril e julho. Segundo o SNTP, 70% dessas foram atribuídas a militares e policiais.

“Utilizando o braço e as armas da Guarda Nacional (militarizada) e as polícias regionais e municipais, a burocracia oficial tentou invisibilizar o conflito”, acrescentou. A Relatoria para a Liberdade de Expressão da Comissão Interamericana de Direitos Humanos fez “um chamado urgente” este ano a restabelecer as transmissões das emissoras de rádio e tevês que não tiveram suas concessões renovadas, e qualificou as medidas como um “castigo” por uma linha editorial de oposição ferrenha. O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, e funcionários de alto escalão se declaram vítimas de “uma campanha de desprestígio” em meios locais e estrangeiros, e, inclusive, de “propaganda de guerra”.