por André Cananéa*
Lançada em 2009, a aventura de fantasia Avatar inaugurou, com cenários ultracoloridos e vibrantes, e criaturas azuis cintilantes, uma nova fase da tecnologia 3D nas salas de cinema. Fase que, aliás, se mostrou bastante breve, afinal, não foi dessa vez que os efeitos tridimensionais, que prometiam dar imersão inédita nos filmes, conquistaram o público. E boa parte da culpa são dos óculos 3D.
Ali, em 2009, entrar nos cinemas para ver um filme em 3D significava pagar um ingresso muito mais caro e ter que colocar um óculos pesado no rosto, que incomodava bastante antes da metade do filme, sobretudo para quem precisava colocar os óculos 3D sobre os óculos de grau. Temos depois, os óculos se tornaram mais leves, mas já era tarde demais: o público já tinha desistido do 3D, tanto nos cinemas, quanto nos home-theaters caseiros (sim, eu cheguei a ter TV e reprodutor 3D em casa, além de duas dúzias de títulos em blu-ray).
Dirigido e roteirizado por James Cameron, que até ali já tinha dado ao mundo desde O Exterminador do Futuro, até o blockbuster Titanic, sem contar um sem número de documentários sobre o fundo do mar, Avatar é sobre um militar paraplégico que, através de uma tecnologia ultrassofisticada, se transforma em um guerreiro de três metros de altura, que se infiltra em uma tribo de nativos humanoides (os Na’vis) em um planeta em que humanos e Na’vis estão em pé de guerra, e ele acaba mudando de lado.
O enredo guarda semelhanças como Dança Com Lobos, lançado quase 20 anos antes (aqui, Kevin Costner é um tenente que se enturma com lobos e indígenas, para a raiva do exército para o qual serve), sobrando a Avatar o apelo visual, com uma imersão 3D feita sob medida (o filme de James Cameron tem um dos melhores usos da tecnologia nessa fase da história do cinema).
Agora, sem efeitos tridimensionais, mas remasterizado em ultradefinição (ou 4K, como queira), o épico retorna mais uma vez aos cinemas, inclusive em João Pessoa, através das redes Cinépolis e Centerplex, que desde a semana passada colocaram à venda os ingressos para a sessão, cuja estreia está agendada para esta quinta-feira (22).
Cameron costuma retornar seus filmes aos cinemas. Em 2012, levou de volta às salas multiplex uma versão em 3D de seu recordista Titanic (1997) – além de ter arrebatado 11 prêmios Oscar, o filme ultrapassou a marca de dois bilhões de dólares em bilheteria –, adequando a história do famoso naufrágio, adocicado pelo romance de Jack e Rose, na tecnologia que ele ajudou a propagar nos cinemas, justamente através de Avatar.
É a terceira vez que a batalha entre humanos e Na’vis ganha temporada nos cinemas – em 2010, um ano após o lançamento original, Avatar retornou às salas em uma versão estendida, hoje disponível em blu-ray. Nesse vai e vem, a aventura azul segue como o filme com a maior arrecadação da história do cinema, posto recuperado após perder brevemente a posição para Vingadores: Ultimato.
De longe, observo que as reprises dos filmes de James Cameron, em numerosas salas ao redor do mundo, nunca são aleatórias, como a exibição nostálgica de um Casablanca em um Cine Bangüê de outrora. No caso de Cameron, se a reestreia de Titanic pegou carona no 3D, a de Avatar serve para promover a sequência do filme de 2009, Avatar: O Caminho da Água, previsto para estrear no Brasil em 15 de dezembro.
Como parte da estratégia, a Disney – que passou a ter direitos sobre o filme depois que o catálogo da Fox, no qual Avatar está inserido, foi adquirido pela empresa – retirou o longa-metragem do catálogo de seu serviço de streaming, o Disney+, deixando o filme exclusivo nos cinemas.
Pelo que leio nos sites confiáveis, O Caminho da Água se passa 12 anos após os eventos do primeiro filme. Agora, Jake Sully (Sam Worthington) está completamente integrado aos Na’vis e até formou uma família com Neytiri (Zoe Saldana). Mas a paz termina quando os humanos retornam à Pandora para terminar o que haviam começado no primeiro Avatar.
Reza a lenda que o James Cameron rodou o novo filme utilizando equipamentos movidos a energia solar. E, para alegria, ou tristeza do espectador, Avatar não vai terminar tão cedo. O diretor já engatilhou mais três continuações, que deverão chegar aos cinemas, respectivamente, em 2024, 2026 e 2028.
*Coluna publicada originalmente na edição impressa de 20 de setembro de 2022.