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A coluna nº 100

publicado: 09/03/2021 08h00, última modificação: 08/03/2021 10h15


Eita, chegamos à coluna de nº 100! São 100 textos - com este - que publico aqui pelo jornal A União, o que faz do jornal a casa onde eu mais escrevi na condição de colunista. Passei 15 anos no Jornal da Paraíba e certamente deixei por lá um legado de uns quatro mil escritos, ou mais, mas como articulista, não chegou a uma centena: a imensa maioria foi mesmo de reportagens e resenhas (de filmes, discos, livros etc.).

Escrever sobre os 100 textos que fiz aqui para A União, claro, me leva a uma breve viagem do que publiquei por aqui em pouco mais de dois anos ininterruptos, sempre às terças-feiras, nesta mesma página 10 do caderno Cultura (que, quando estreei, em 19 de fevereiro de 2019, ainda se chamava 2º Caderno.

Pelo arquivo digital do site do jornal (https://auniao.pb.gov.br), reencontro o texto “Para gostar de cinema, tem que conhecer o cinema”, em que defendia o longa-metragem Roma no Oscar 2019. Estávamos às vésperas da premiação e eu apostava minhas fichas no soberbo filme-arte de Alfonso Cuarón que, como o leitor acompanharia na coluna seguinte (26/2/2019), perdeu o prêmio de Melhor Filme para Green Book: O Guia.

Publicar, semanalmente, um texto inédito aqui neste espaço é meu modo de relaxar das durezas da vida. É um deleite. Tanto que costumo escrever nas manhãs de domingo, logo cedo, uma vez que os temas têm mais a ver com o que me cerca na vida pessoal, do que com uma agenda de pautas.

Cresci cercado por filmes e música, então era natural que, na vida adulta, eu desse seguimento a essas duas paixões, que foram determinantes para que eu escolhesse a vida de jornalista. Hoje são meus filhos que crescem em um apartamento repleto de DVDs, CDs, livros e quadrinhos, além das dezenas de conexões por streaming que os levam ao mundo dos filmes e da música.

Então eu escrevo sobre o que eu assisto, ouço, leio e vejo. Este é o meu cotidiano: não há futebol ou boemia, apenas idas a cinema, shows e teatro, além muitas horas dentro de casa consumindo informação em forma de arte (sobretudo durante a pandemia, já que as opções anteriores foram interrompidas).

A pandemia trouxe para mim, e para minha família, a vida em um bunker repleto de opções “indoor”: há muitos filmes e séries para serem vistos, ouve-se diariamente um ou mais CDs, joga-se videogame e, quando o sol se põe, é hora de desconectar e partir para os livros e gibis.

Neste fim de semana mesmo, eu revi Paris, Texas, a obra-prima de Wim Wenders, a partir de uma edição caprichada em blu-ray; saquei o Telecine para ver o terror coreano Invasão Zumbi 2: Península; vi o último episódio de WandaVision no Disney+ e ainda dei início à leitura de Woody Allen: A Autobiografia, o livro de memórias do cineasta que, pelas primeiras páginas, é repleto de um humor autodepreciativo para falar sobre sua infância e sua criação nas ruas de Nova York.

Então nas 99 colunas anteriores a esta, estão registrados todo esse universo, a partir das leituras pessoais que faço de obras, produtos e artistas. Nos dez primeiros textos que publiquei, há uma variedade de temas: se os dois primeiros foram dedicados ao Oscar de 2019, no terceiro, - datado de 5 de março - eu me debruçava sobre 20 Palavras ao Redor do Sol, o antológico LP de Cátia de França, por ocasião da sua chegada ao streaming.

Na sequência, repercutia a saída do nosso Mike Deodato da Marvel e, na outra semana, comentava o documentário Deixando Neverland, sobre Michael Jackson. A coluna de número 6 trazia a primeira de várias abordagens que fiz, em meio a esta centena de textos, da valorização da mídia física no mercado de CDs e DVDs e, depois de comentar sobre a importância da Lei Rouanet (naquela semana de abril, Bolsonaro ameaçava extingui-la), volta ao cinema para falar de Dumbo, a partir da releitura “live action” que Tim Burton fizera e estreava por aqueles dias.

O melhor de todos os 100 textos sempre foi, além do prazer de escrevê-los, os comentários que recebia - e ainda recebo - de inúmeros leitores, do próprio staff da EPC, até amigos próximos e leitores que anônimos, que se aproximam através das redes sociais, ou até mesmo do e-mail que segue impresso no cabeçalho da coluna. Há elogios, comentários, críticas… mas o fundamental é o contato. Nossa, como eu gosto de conversar sobre os temas que trago na coluna. E fico feliz que você, leitor, também goste. Muito obrigado pela leitura!


*Coluna publicada originalmente na edição impressa de 09 de março de 2021.