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A guerra dos ‘streamings’

publicado: 17/11/2020 08h23, última modificação: 17/11/2020 08h23
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tags: streaming , andré cananéa , disney+

 

Nesta terça-feira, 17, entra no ar um novo serviço de streaming para disputar a atenção – e o bolso – dos fãs de filmes, séries e animações no Brasil. É o Disney+ (ou Disney “plus”), canal que oferece cardápio robusto para quem gosta desde os clássicos da companhia até os blockbusters da franquia Star Wars e das produções da Marvel, além de documentários com o selo de qualidade da National Geographic, tudo isso ao preço de R$ 27,90 por mês.

O Disney+ chega com musculatura para competir com Netflix, Amazon Prime e Globoplay (que, inclusive, se associou à empresa do Mickey Mouse para oferecer uma assinatura “casada” com os dois serviços), além de HBO Go, Telecine Play e Apple TV, entre outros, e desembarca no Brasil com mais de 73 milhões de assinantes em todo o mundo – para se ter uma ideia, a Netflix, pioneira no ramo, em atividade há 13 anos (contra apenas um ano do Disney+) tem algo em torno de 182 milhões de assinantes no planeta (o Brasil é o segundo país em número de assinantes; só perde para os EUA).

A guerra pela audiência acontece hoje nas plataformas de streaming. Tais serviços derrubaram, em uma só tacada, a chamada mídia física (DVDs e blu-rays) e as TVs por assinatura, que além de obsoletas frente a uma programação fechada e com hora marcada, se tornaram extremamente caras para um consumidor que paga por um sem número de canais, mas só usufrui, se muito, de 20% a 30% deles.

O streaming segmentou o modelo e desobrigou o espectador a estar preso a um horário para desfrutar de seu programa favorito. Ao apostar no ramo de filmes e séries, o Netflix (que começou nos EUA como uma videolocadora de DVDs) abriu caminho para a modalidade e, hoje, há inúmeras plataformas, dos mais diversos segmentos, da música (ainda inédito aqui pelo Brasil) ao esporte, filmes e séries, inclusive alguns serviços de nicho, como o Darkflix, especializado em cinema de horror.

Acredito que o Disney+ chegou tardiamente ao ramo. Não sei se subestimou a força do streaming e seu potencial para dominar o mundo através de “smart” TVs e aplicativos de celular, e pulverizou seu conteúdo em plataformas que hoje são suas rivais (vide Amazon Prime). Mas seu efeito já é bastante sentido no mercado.

Informações de outubro dão conta que o Netflix registrou queda no número de novos assinantes no terceiro trimestre deste ano. A empresa fechou o período com 2,2 milhões de novas assinaturas, quando o esperado era, pelo menos, 2,5 milhões, que já é um número bem abaixo do mesmo trimestre de 2019, quando a empresa agregou 6,8 milhões novos clientes.

Há quem culpe a recessão causada pela pandemia, mas há também quem veja na chegada do Disney+ o motivo do gráfico ter ficado abaixo do esperado. De qualquer forma, a Netflix perde cliente, mas não perde dinheiro. No mesmo boletim divulgado pela empresa, ela informou que registrou uma alta de 22,7% em relação aos mesmo três meses de 2019, fechando o faturamento do período em US$ 6,4 bilhões.

Ao contrário da Netflix, a interface do Disney+ é segmentada pelos canais das marcas que compõe o serviço. A ‘Disney’ traz, prioritariamente, as animações, mas também são encontrados os live actions, inclusive (dizem) os lançados pela Touchstone nos anos 1980 (como Splash, uma Sereia em Minha Vida, A Cor do Dinheiro e Três Solteirões e Um Bebê). A Pixar, comprada pela Disney Company em 2006, também rendeu outro canal. É lá que estão os quatro Toy Story, Monstros S.A., Procurando Nemo, Wall-E etc.

‘Marvel’ e ‘Star Wars’ prometem trazer tudo que foi produzido através dessas duas franquias. São longas como Homem de Ferro, Vingadores e Capitão América no primeiro bloco, enquanto o segundo traz as três trilogias produzidas até agora, mais os spin-offs, incluindo o badalado Mandalorian, estrelado pelo Baby Yoda, uma série exclusiva do serviço. O pacote ainda conta com a série de documentários da National Geographic.

Como a Amazon e a Apple TV, o Disney+ oferece conteúdo com qualidade 4K HDR e permite o acesso a quatro telas simultâneas, além de download de seu conteúdo (dentro da plataforma) para que o usuário possa assistir a conteúdos, mesmo sem conexão a internet (coisa que os concorrentes também fazem). E que vença o melhor!

*coluna publicada originalmente na edição impressa de 17 de novembro de 2020.