Arrisco dizer que 2023 foi o melhor ano para o cinema depois da pandemia da Covid. Não falo de números, nem me refiro a um nicho específico, mas do circuitão comercial, que deu a impressão ter retomado a cartela de bons filmes, após meses de salas fechadas e produções paradas por causa do coronavírus.
Tivemos grandes eventos – o lançamento de Barbie (que só vi recentemente, depois que ele chegou ao HBO Max, e achei ótimo), que catapultou a obra-prima Oppenheimer –, a estreia tanto de Assassinos da Lula das Flores, quanto de blockbusters derivados de franquias (Velozes e Furiosos, Missão Impossível, Indiana Jones) e um sem-número de filmes de terror, o que se explica, talvez, em função dos dois anos de trevas que foi a transmissão do coronavírus.
Mas nem tudo foram flores em 2023… os quase cinco meses de greve dos roteiristas de Hollywood atrapalharam cronogramas e prejudicaram algumas produções (como séries para streaming ou a divulgação de filmes), e digo isso sem qualquer juízo de valor sobre os profissionais, que realmente deveriam cruzar os braços frente às “condiciones bestiales” da indústria cinematográfica, parafraseando o personagem de Casey Affleck em Treze Homens e um Novo Segredo.
O fato é que alguns filmes que seriam exibidos em 2023 irão passar nos cinemas só este ano, como a aguardada segunda parte de Duna, a exuberante adaptação de Denis Villeneuve, prevista para 14 de março. Na seara da ficção científica também é esperado um novo filme da franquia Alien, Romulos, com direção de Fede Alvarez (O Homem nas Trevas, o remake de A Morte do Demônio etc.). Criador da franquia, Ridley Scott deverá entregar Gladiador 2, sequência do épico de 2000, desta vez com Denzel Washington e Pedro Pascal no elenco.
Falando em franquia, George Miller volta à série Mad Max, que criou em 1979, para contar a história da personagem principal de Mad Max: Estrada da Fúria (2015) em Furiosa: Uma Saga Mad Max. Desta vez, Anya Taylor-Joy ficou com o papel que já foi de Charlize Theron.
Tim Burton retorna ao mundo de Beetlejuice para, 36 anos depois, entregar uma sequência de Os Fantasmas Se Divertem. Outra sequência bastante aguardada é Coringa: Folie a Deux, que reúne novamente o diretor Todd Phillips e o astro Joaquin Phoenix, este num papel dramático do vilão do Batman. E, desta vez, quem dá as caras é a namorada do personagem, Arlequina, vivida por Lady Gaga.
Diretor dos retumbantes clássicos O Poderoso Chefão e Apocalypse Now, Francis Ford Coppola está finalizando a distopia Megalopolis, sobre um arquiteto que quer reconstruir Nova York sob a égide de uma utopia, após um desastre devastar a cidade. O projeto promete, e tem elenco catapultado por Adam Driver.
E Guerra Civil, hein?! Filme escrito e dirigido por Alex Garland (Ex-Machina, Aniquilação), lançado pela badalada A24 e estrelado pelo brasileiro Wagner Moura teve seu trailer divulgado poucos dias antes do Natal e deu o que falar. O eterno Capitão Nascimento de Tropa de Elite é um dos jornalistas que viaja pelos EUA durante uma guerra civil que acaba de eclodir no país. Kirsten Dunst e Jesse Plemons também estão no elenco.
Mirando nas animações, creio que, a preço de hoje, nenhuma é tão mais aguardada que Divertida Mente 2, sequência do sucesso da Pixar em 2015. A menina Riley, agora adolescente, fará surgir novas emoções, como ansiedade, inveja, tédio e vergonha. Novos filmes de Kung-Fu Panda e Meu Malvado Favorito (o quarto de cada um) também são aguardados, assim como o terceiro Sonic e Paddington no Peru, derivados de franquias de sucesso entre a garotada.
Falando em franquias, a Turma da Mônica, de Mauricio de Sousa, irá comparecer em dose dupla: no juvenil Turma da Mônica Jovem: Reflexos do Medo (já agora em janeiro) e Chico Bento e a Goiabeira Maraviósa, este derivado do projeto MSP (como foram os dois live actions da Turma da Mônica anteriores).
E em se tratando de cinema nacional, não vejo nenhuma estreia tão aguardada como O Auto da Compadecida 2, com Matheus Nachtergaele e Selton Mello reprisando os papéis de João Grilo e Chicó, novamente sob a batuta de Guel Arraes (agora com Flávia Lacerda na codireção). Arraes, inclusive, também deverá entregar Grande Sertão, nova adaptação da obra de Guimarães Rosa. A conferir!
*Coluna publicada originalmente na edição impressa de 02 de janeiro 2024.