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Biden: ‘O retorno de Jedi’

publicado: 10/11/2020 09h21, última modificação: 10/11/2020 09h21
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Viralizou: ‘meme’ compara os títulos da trilogia original da saga ‘Guerra nas Estrelas’ com os presidentes Obama, Trump e Biden

tags: biden , trump , star wars , eleições , André Cananéa


Em meio à festa pela vitória do democrata Joe Biden nas eleições americanas, no fim de semana, uma classe em especial comemorava: a dos artistas. Escritores como o celebrado Stephen King, que, ao longo de quatro anos, foi um barulhento crítico da administração Trump, não saiu do Twitter durante o fim de semana em que foi proclamada a vitória de Biden sobre o republicano Donald Trump.

“CNN acabou de anunciar. Joe Biden é o presidente eleito. Esta presidência miserável está chegando ao fim”, escreveu o autor de O Iluminado, ainda no sábado. Uma hora depois, festejou com uma simples frase: “É o melhor dia da minha vida” e, mais tarde, soltou estas duas na sequências: “Às vezes... os mocinhos ganham” e “América para Trump: VOCÊ ESTÁ DESPEDIDO”, parafraseando o bordão dito com empáfia pelo atual ocupante da Casa Branca no programa The apprentice (ou O aprendiz, como ficou conhecido no Brasil).

Não foi apenas a vitória de Biden – que lança uma nova luz sobre a América e, por consequência, todo o mundo – que tem sido celebrada desde sábado, mas também a derrota de Trump. Afinal, são duas coisas! A vitória do democrata é uma resposta à administração do empresário eleito em 2016 com a promessa que não cumpriu: a de “fazer a América grande, novamente”. 

Mas a derrota de Trump é uma humilhação que boa parte dos americanos ficou feliz em infligir a um presidente truculento, o xenófobo que deixou órfãs crianças com menos de cinco anos de idade, separando-as de seus pais de maneira cruel, só porque eles eram imigrantes ilegais na América, mas a América de Trump. Mentiras travestidas de fake news, arrogância, menosprezo pela ciência e insensibilidade em uma das piores crises sanitárias da história da humanidade – a pandemia de covid – também foram respondidas pelo povo americano nas urnas durante a eleição americana, que alcançou números recordes em participação.

Além de King, outras pessoas do meio artístico dedicaram o fim de semana ao resultado das eleições norte-americanas. Numa tacada só, o ator Mark Hamill, o eterno Luke Skywalker da série Guerra nas Estrelas, postou um “meme” em que comparava a trilogia original de Star Wars com os três últimos presidentes: Obama foi Uma nova esperança (alusão ao título do filme de 1977); Trump, O Império contra-ataca, e Biden, O retorno de Jedi - os títulos fazem referência às forças do bem, representadas por Obama e o “Jedi” Biden, e às do mal (ou as de Darth Vader), na qual o “meme” coloca Trump.

A célebre cantora Barbra Streisand também acompanhou de perto a eleição e comemorou a vitória do democrata. Mas antes, na quinta-feira passada, escreveu: “Trump não parece querer que todos os votos sejam contados. Ele nunca respeita a lei”.

Diretor de filmes como Conta Comigo (baseado em um livro de Stephen King, aliás), Rob Reiner também fez coro com o escritor e, já na sexta, decretava em seu Twitter: “Ding Dong, a Bruxa está morta”, numa citação a . No sábado, escreveu: “Finalmente nós temos um Presidente que é humano, decente e amável. Um homem forte que irá restaurar a Alma da nossa Nação. Deus abençoe Joe Biden”.

A eleição foi apertada, é fato. Mesmo com todos os absurdos – a olhos sensatos – praticados por Trump nos últimos quatro anos, o número de votos angariados por ele foi maior do que se esperava. Por isso mesmo, o presidente eleito, em seu discurso de posse, no sábado, pregou a união e pediu uma chance a seus opositores, pelo bem da América.

Criador e roteirista da série de animação Family Guy (Uma Família da Pesada, no Brasil), no ar há mais de 20 anos na TV Paga e um sucesso graças a seu humor ácido e politicamente incorreto, que não poupa críticas à classe política, Seth MacFarlane, ao comemorar a vitória de Biden, ponderou: “O que vem a seguir será o teste final da verdadeira natureza de Trump. Será que ele vai ceder, como fez Al Gore mesmo depois de ganhar no voto popular e com uma recontagem em andamento? Gore escolheu a estabilidade da nação em vez de seu ego. Trump terá essa coragem? As esperanças são baixas, mas veremos...”

Não, o ego de Trump não vai deixá-lo largar esse osso que é a Casa Branca tão cedo. Inconformado com a derrota, ele insiste na tese de que houve fraude, mesmo sem apresentar provas. E assim, derrotado e humilhado, ele segue sacando as mesmas mentiras, notícias falsas e teorias conspiratórias malucas (vide a tal da QAnon) para tentar levar a eleição 2020 no tapetão.

No momento em que escrevo este texto, na manhã de domingo, o candidato derrotado voltava a vociferar contra o candidato vencedor: “Acreditamos que essas pessoas sejam ladrões. As máquinas da cidade grande estão corrompidas. Esta foi uma eleição roubada. O melhor pesquisador da Grã-Bretanha escreveu esta manhã que esta foi claramente uma eleição roubada, que é impossível imaginar que Biden ultrapassou Obama em alguns desses estados”. Ah, vá jogar golfe, Donald Trump!

*publicado originalmente na edição impressa de 10 de novembro de 2020.