por André Cananéa*
Com o Natal batendo à porta, uma das melhores programações da temporada é reunir a família para ver um filme… natalino, claro! Os serviços de streaming não param de oferecer títulos para todos os gostos e idades. E sempre me impressionou muito a quantidade de filmes natalinos que, sobretudo, os Estados Unidos e o Reino Unido realizam até hoje. Sem entrar no papo capitalista da questão – para não perder o foco – arrisco, sem medo de errar, que a data é a mais celebrada pela Sétima Arte.
O cinema produziu muita coisa boa em mais de 100 anos. Cem anos, o leitor se pergunta. Sim! Fiz uma pesquisa no IMDB.com, que é o mais completo banco de dados de cinema do mundo, e encontrei alguns títulos inspirados na clássica história do ranzinza Ebenezer Scrooge, publicada originalmente pelo escritor Charles Dickens em 1843 e que no Brasil ganhou o título de Um Conto de Natal. Então me deparei com filmes curtos e mudos de A Christmas Carol (título original da obra) datados de 1908 e 1910.
Desde então, a história do sovina Scrooge já foi levada ao cinema dezenas de vezes – Adorável Avarento (1970), com Albert Finney (conhecido pelas novas gerações pela saga Bourne), O Natal dos Muppets (o de 1992) e Os Fantasmas de Scrooge (2009), animação de Robert Zemeckis (diretor de De Volta Para o Futuro), com Jim Carrey encabeçando o elenco, são os que me vêm à mente de pronto.
Mas os filmes natalinos não orbitam somente em torno do clássico de Dickens. Da fofinha animação em stop motion A Rena do Nariz Vermelho (1964), que embalou a infância de quem já passou dos 50 (o filme está no YouTube, em uma versão dublada em português), a fitas de horror, com Papais Noéis psicopatas e muito sangue, vide Noite do Terror (1974) – que, em 2019, ganhou um remake chamado Natal Sangrento, mas que não tem relação com o Natal Sangrento de 1984, que foi refilmado com esse mesmo título em 2012 -; Krampus: O Terror do Natal (2015) e o clássico slasher Natal Diabólico (1980).
Aliás, vi poucos temas renderem tantas variações. Sobressaem, claro, as comédias românticas e os dramas-famílias, todos com finais moralmente edificantes e esperançosos. Nessa seara, gosto de O Natal dos Coopers (2015), O Amor Não Tira Férias (aquele que Kate Winslet e Cameron Diaz trocam de lugar), Meu Papai É Noel (1994), Um Homem de Família (2000), com Nicolas Cage, e, claro, Simplesmente Amor (2003), que é um filme inglês dirigido por Richard Curtis (roteirista de longas como Cavalo de Guerra, de Steven Spielberg, e Yesterday, de Danny Boyle) e que costura vários pequenos dramas às vésperas do Natal, embalados por uma trilha sonora pop supimpa.
Mas há de tudo um pouco: animação bizarra (O Estranho Mundo de Jack, idealizado por Tim Burton); comédia escrachada (Sexo, Drogas e Jingle Bells, de 2015, com Joseph Gordon-Levitt e Seth Rogen, e Um Duende em Nova York, de 2003, estrelado pelo hilário Will Ferrell); guerra (o franco-alemão Feliz Natal, de 2005); dramas tocantes (Pode Me Chamar de Noel, de 2001, com Whoopi Goldberg) e mais temas clássicos, como O Grinch, baseado na obra de Dr. Seuss e que rendeu, pelo menos, um live action (também com Jim Carrey) e uma animação recente.
Até o cinema brasileiro se rendeu ao espírito natalino com o competente Tudo Bem No Natal Que Vem (2020), produção da Netflix estrelada por um Leandro Hassum que acorda toda véspera de Natal sem lembrar como foi o ano.
Não ouso fazer uma lista de melhores filmes com o tema. Toda lista é falha. Mas vou deixar aqui alguns dos meus títulos prediletos que evocam a data (não são necessariamente natalinos, como acho que Duro de Matar não é rigorosamente um filme de Natal, embora apareça em várias listas). E também não estão em uma ordem de preferência.
Vamos lá: Gremlins (1984); os dois primeiros Esqueceram de Mim (lançados, respectivamente, em 1990 e 1992); o imortal A Felicidade Não Se Compra (1946), o citado Simplesmente Amor, Duro de Matar (1988), claro; Os Fantasmas de Scrooge, que citei mais acima; e, mais recentemente, o britânico Um Menino Chamado Natal (2021), uma bela fábula juvenil que cria uma origem para o Papai Noel a partir da jornada de um garoto chamado Nikolas. Tem rena, duendes e muita aventura!
Um Menino Chamado Natal é uma produção da Netflix, que abriga muitos dos filmes que citei aqui. Aliás, Netflix, Disney+, Telecine e uma coisinha no HBO Max possuem os melhores títulos do gênero. Então reúna a família na frente da TV e aperte o play.
*Coluna publicada originalmente na edição impressa de 07 de dezembro de 2021