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Extras permitem um mergulho profundo nos filmes

publicado: 26/11/2019 11h39, última modificação: 26/11/2019 11h39
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Uma grita geral de quem gosta do cinema para além de assistir aos filmes, ou seja, gosta de mergulhar na produção, conhecer os bastidores e ouvir as idéias de diretores e produtores, além de curiosidades, é que os serviços de streaming, via de regra, não trazem “extras”, aquelas largamente anunciados nas embalagens de DVDs e blu-rays.

Dia desses, em um grupo fechado de colecionadores de filmes em mídia física, um dos integrantes contabilizava: o box de Star Wars em blu-ray, com os seis primeiros filmes da franquia, soma um total de 40 horas de material extra, entre entrevistas, making of e bastidores. Na caixa de O Senhor dos Anéis, também lançado em blu-ray, acompanham os três filmes coisa de 26 horas de bônus.

A caixa lançada pela Warner com os filmes da franquia Superman, também em blu-ray, contabiliza 20 horas de material extra, enquanto a chamada “Caixa Monstro”, lançada pela Universal com os filmes clássicos de terror lançada pelo estúdio nos anos 1930 (DráculaA MúmiaFrankenstein etc.), somando comentários em áudio, entrevistas e bastidores, dá outras 12 horas de bônus.

Esse material extra foi um grande diferencial quando do advento do DVD, afinal, o VHS nunca se preocupou com esse tipo de coisa. E numa época pré-internet, assistir ao filme acompanhado por alguns especiais sobre a produção era uma baita imersão para estudiosos e curiosos da obra. Uma das ótimas surpresas dessa iniciativa são os comentários em áudio, com diretores e/ou estudiosos falando peculiaridade sobre obras como O Poderoso Chefão (com Francis Ford Coppola sem papas na língua) ou Psicose (com uma análise quadro a quadro do especialista Stephen Rebello) enquanto o filme rola na tela.

Isso sem falar em verdadeiras “aulas” que alguns produtos costumavam trazer. The Pacific, por exemplo, produzida por Tom Hanks e Steven Spielberg, que dramatiza um episódio da 2ª Guerra Mundial envolvendo a marinheiros norte-americanos guerreando contra japoneses no Oceano Pacífico, traz recursos multimídia que ligam o seriado aos fatos reais, de modo interativo, curioso e educativo. Praticamente um curso, e dos bons!

Hoje, não só serviços como Netflix e Amazon Prime mostram pouco interesse com esse recursos, como também as próprias distribuidoras, que têm lançado filmes no formato físico à pulso. A Disney, que no passado lançou soberbas edições de seus clássicos, em DVD e blu-ray, recheadas com material extra, começou a renegá-lo, ou pelo menos, a procurar uma maneira de faturar em cima desse material, afinal entendeu que se trata de um nincho ainda menor que o dos colecionadores de mídia física. Por exemplo: os filmes mais recentes da saga Star Wars, em suas edições simples, trazem pouco ou nenhum material bônus. Ele só aparece nas edições steelbook, as mais caras da prateleira.

Quem está revolucionando nos “extras”, no campo do streaming, é a HBO. Fazendo laboratório com os próprios seriados, o canal americano criou duas formas de rechear os episódios com uma série de “extras”, mas que não são tão simples quanto colocar um DVD para rodar.

Um deles é o aplicativo HBO Extras. Depois de instalado no smartphone, o usuário deve sincronizar o app com a atração, que pode estar sendo exibida na TV (para isso, o app se comunica com o audio do programa) ou pelo HBO Go. Enquanto rola a série, por exemplo, curiosidades vão pulando na tela do telefone. Além de WatchmenBig Little LiesGame of Thrones e Chernobyl estão entre as atrações que “conversam” com o app de extras.

O outro é um podcast temático, que fica disponível logo após a exibição dos episódios (nunca antes)e foi feito para ser ouvido depois que o espectador assiste à atração - podem ser encontrados nas principais plataformas de streaming ou no site hbobrasil.com/podcasts.

Nele, podcasters brasileiros conversam em bom português sobre a série, explicando nuances de roteiro, entregando easter eggs e até mesmo especulando desdobramentos que estão pode vir. Sempre com muito spoiler, claro. Há programas sobre o recente His Dark Materials (Fronteiras Do Universo) Pico da NeblinaSantos Dumont e até sobre o brasileiro A Vida Secreta dos Casais.

Eu tenho acompanhado os podcasts voltados a Watchmen, que duram cerca de meia-hora e são bem informativos, sem gracinhas desnecessárias ou firulas que costumam acompanhar muitos programas nerds que fazem sucesso na “podcastolândia”, e que funcionam com essa proposta de “alguém para conversar após o episódio”.

Esta semana - a partir de sexta-feira, para ser mais exato - a Netflix leva ao ar não um “extra”, mas uma série que tem relação com tudo que a gente falou até agora. Filmes Que Marcaram Época trará episódios revisionistas sobre alguns dos sucessos que marcaram o cinema contemporâneo.

O trailer - disponível no próprio aplicativo - mostra algumas das produções que serão abordadas nesta primeira temporada: Os Caça-Fantasmas (1984), Dirty Dancing: Ritmo Quente (1987) e Esqueceram de Mim (1990) e, pelo jeito, terá a cara de um dos sucessos de serviço de streaming, o nostalgico Brinquedos Que Marcaram Época, que já está na terceira temporada. Ou seja, promete!


*publicado originalmente na edição impressa de 26 de novembro de 2019