Os últimos dias foram intensos, de muito aprendizado. Mal voltei das férias — que, por si só, já foram de grande ensinamento, vivendo, mesmo que por poucos dias, em metrópoles como Londres e Lisboa — e refiz a mala, trocando as roupas de frio pelas de calor para ir até o Recife, participar do Fala Norte–Nordeste, congresso realizado na semana passada, no novo Recife Expo Center, no Cais de Santa Rita, uma promoção da Associação das Empresas de Rádio e Televisão de Pernambuco (Asserpe).
Do roteiro que fiz voltado ao rádio — afinal, há quase dois anos, gerencio a Parahyba 103,9 FM, irmã caçula da Tabajara e integrante da Empresa Paraibana de Comunicação (EPC), da qual este Jornal A União faz parte —, o que mais ouvi foi sobre o impacto da tecnologia atual sobre o rádio, não o aparelho, mas o veículo de comunicação, cada vez mais digital.
Números mostraram aos participantes a relevância do rádio em todo o mundo, incluindo o Brasil, sobretudo a partir da pandemia, onde ele ganhou novo fôlego, e de como nós, profissionais que atuamos no mercado de rádio, devemos nos conectar (e a palavra é essa mesma) com nossas audiências, tendo a tecnologia de ponta como aliada, não inimiga.
Inteligência artificial foi pauta em quase todas as conferências de que participei, com exceção na que reuniu os queridos jornalistas Chico José, Beatriz Castro e José Raimundo, marcada por ótimas memórias e pontuada pelas mudanças de paradigmas dentro da Rede Globo, onde eles atuam/atuaram, afinal, a maior emissora do país teve que se adaptar não somente às novas tecnologias, mas a toda diversidade que rege a sociedade contemporânea. E nem a Globo, nem nenhuma outra emissora quer ficar para trás, presa nas ferragens do mundo antigo dos anos 1980/1990…
Ouvindo os conferencistas, me dei conta de como a inteligência artificial é o bicho papão de hoje. Vejo o apogeu das IAs como vi a chegada da internet 1.0, formada basicamente por páginas HTML e e-mails primitivos, donde o mundo analógico enxergava esse mundo virtual com um misto de temor e desdém.
A revolução seguinte, na qual entram as redes sociais e aplicativos como YouTube, foi menos “assombrosa”, mas muito mais impactante, e agora temos a terceira onda, com a IA fazendo parte da nossa rotina sem que, sequer, prestemos muita atenção a ela — quando compramos on-line, quando utilizamos o Waze ou Google Maps para nos guiar, quando fazemos uma simples “selfie” com a câmera do celular etc.
Ainda como parte das minhas elucubrações, vejo como essa tecnologia massiva, agressiva e extremamente sofisticada foi “empurrada” para o nosso dia a dia. Se a gente parar para pensar direitinho, não fomos preparados para a chegada da internet, nem para o impacto de um Facebook, Twitter/X, Instagram ou TikTok nas nossas vidas: fomos conhecendo os efeitos nocivos de todas elas somente à medida que adoecíamos, tal qual a Covid-19, que ceifou a vida de milhares praticamente da noite para o dia e exigiu estudos intensos enquanto a pandemia se alastrava pelo mundo.
Capacitações imersivas como a do Fala Norte–Nordeste são importantíssimas para empresas que querem chegar mais longe; portanto, ponto para a EPC, que tem à frente a incansável Naná Garcez. Através dos seminários, vi que as ideias que desenhei para a Parahyba FM, e que estão sendo muito bem executadas pela equipe, estão em sintonia com esse mundo das redes sociais e do valioso conteúdo humano que produzimos, mas ainda há muito por fazer.
As lições aprendidas nesses três dias em Recife integrarão os projetos para o “ano dois” da 103,9 FM. No próximo dia 18, celebraremos o primeiro ano da rádio, um ano de muitos desafios e conquistas, que detalharei em um texto mais à frente. O que posso adiantar agora é que o leitor fique ligado na 103,9 para mais conteúdo de qualidade, tanto no dial do carro, quanto no radinho de pilha ou através dos links disponíveis na internet.
Estreamos o NegriTons há duas semanas, programa que recebeu um superacolhimento por parte do público, e temos muitas novidades para apresentar até o dia 18, incluindo um programa bastante especial sobre paraibanos (ou radicados na Paraíba) e a nova temporada dos programas da faixa das 18h, que ajudaram a consolidar, e a nortear, a missão artística, cultural e educativa da “rádio do século 21”.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 03 de dezembro de 2024.