Eu vou confessar a você, leitor e leitora, que tenho muito orgulho do Correio das Artes, revista que circula todos os meses, disponível tanto a assinantes do Jornal A União, quanto em bancas e pontos de venda (como a Livraria A União, no Espaço Cultural). E não é por eu estar editor da publicação desde 2019, sucedendo o querido e talentoso William Costa no posto, mas por ela existir, simplesmente.
Afinal, neste web-mundo-tecnológico de leituras rápidas no celular (quando muito), de imersões desmedidas nas redes sociais, onde proliferam equívocos, fake news criminosamente criadas, desinformação e todo tipo de maledicência, o Correio das Artes é um oásis, um porto seguro para o pensamento crítico, o salvaguardo da memória artística e cultural da Paraíba, da disseminação da literatura, da música, do cinema, teatro e todo tipo de expressão artística, da revelação de novos talentos e do prestígio de ter renomados autores de contos, crônicas, poesia, crítica publicando na revista.
Para mim, um ponto alto do Correio das Artes nesta fase da Empresa Paraibana de Comunicação (EPC) são as entrevistas exclusivas e reportagens de fôlego sobre áreas que TVs e portais locais pouco têm interesse, ou simplesmente não extraem um material digno de pesquisa e posteridade, para que atuais e futuras gerações possam conhecer melhor nossas expressões, nossa gente.
O Correio das Artes tem feito essas matérias com esmero e competência nesta fase recente, inicialmente com o grande Alexandre Nunes, grande em tamanho, coração e talento, uma das 700 mil vítimas fatais da Covid-19 no Brasil, nos deixando em 12 de dezembro de 2020, e hoje com sua sucessora, a repórter faro-fino, de texto envolvente e pesquisa apuradíssima, Alexsandra Tavares.
Isso sem falar no time de oito colunistas fixos – alguns há décadas escrevendo para a revista – e os eventuais e queridos colaboradores, que sustentam a qualidade do Correio das Artes em ser essa publicação relevante e necessária para os tempos de hoje, e reafirmam o compromisso do Governo do Estado da Paraíba em entregar ao povo esse verdadeiro patrimônio cultural, de valor inestimável nos campos social, educativo e intelectual.
Talvez esse pouco que falei sobre o Correio das Artes tenha corroborado para a feliz escolha da União Brasileira de Escritores (UBE), através de sua seccional Paraíba, em homenagear, no último dia 3, em João Pessoa, a publicação de A União com a Medalha Joacil de Brito Pereira, honraria também entregue aos escritores Maria Valéria Rezende, Hildeberto Barbosa Filho e Milton Marques Júnior (os dois últimos, colunistas do Correio das Artes).
Saudada pelo escritor e imortal da Academia Paraibana de Letras, Hélder Moura, o Correio das Artes teve esse reconhecimento público conduzida pelo professor e escritor Luís Augusto de Paiva, presidente da UBE-PB, e, particularmente, foi uma honra receber a comenda das mãos da querida professora Neide Medeiros, outra colaboradora de décadas do Correio das Artes e uma entusiasta da publicação, e do escritor e jornalista Aroaldo Maia.
Por um desses alinhamentos do destino, a homenagem veio em momento sublime para a edição septuagenária, a mais antiga em circulação impressa do Brasil, como constatei em 2019, quando o Correio das Artes integrou a programação da Bienal do Livro do Ceará. Como parte dos 74 anos de existência da publicação, celebrados em março deste ano, a publicação passou a circular, em junho, com um novo projeto gráfico e lançou, nesse mesmo mês, um concurso literário.
Com inscrições – gratuitas – abertas até o dia 11 de agosto, o objetivo do concurso é compor uma antologia, que será lançada pela Editora A União, reunindo os melhores minicontos selecionados a partir do material que for submetido à avaliação de uma comissão julgadora. Será a primeira obra, destes novos tempos, a contar com o selo Correio das Artes em sua capa, apontando, assim, que a revista literária de A União ainda tem bastante chão pela frente. Ainda bem, né?!
*Coluna publicada originalmente na edição impressa de 11 de julho de 2023