— Betão, meu amigo, acho que agora vai.
— O quê?
— A Seleção Brasileira, macho! O homem foi contratado!
— Quem?
— Carlo Ancelotti, aquele técnico italiano. O bicho é o pica, já ganhou de tudo. Quando botar a mão na melhor seleção, que é a nossa, não vai ter pra ninguém!
— Melhor seleção o que, Fabinho, cai na realidade. O Brasil tá numa entressafra. Temos um bom elenco, gênios como Vini Jr, mas estamos longe daquele patamar de antes. Visse não a pêia que levamos de Senegal? Ou vai dizer que foi Mané em campo que fez tudo sozinho?
— Foi triste. Mas reconheça que eles tinham Cissé.
— É, realmente. Puta técnico. Um dos melhores do mundo na atualidade.
— Só não vive na mídia entre os mais badalados a gente sabe o porquê.
— É foda. A humanidade parece que não avança.
— Pois é.
— Mas e aí, vamos ganhar a próxima Copa? O hexa vem?
— Se vamos ganhar eu não sei, sei que de 7 a 1 a gente não perde mais.
— Tanto dinheiro só pra não livrar o vexame? Deixasse um daqui mesmo. Tu fazendo essa festa toda eu achava que estava garantido o título.
— Mas vai dar certo, vá por mim.
— Tá. E o bonito começa quando?
— No meio do ano que vem.
— Como é a história? Que danado de contratação é essa que só começa daqui a um ano? É feito casamento de antigamente, é? Tá contratado ou não?
— Ainda não.
— Agora pronto!
— Pare de botar gosto ruim, vai dar certo.
— Fabinho, deixa da tua besteira. Em um ano acontece muita coisa. Dá tempo o cabra fazer um filho, conhecer o amor da vida, levar um chifre, quanto mais desistir de um emprego?
— Relaxe. Tá apalavrado.
— Quero ver a cor desse hexa.
— Verde e amarelo, Betão. Pode me cobrar.
— Quer ver alegria de pobre durar pouco?
— Diz aí.
— Guardiola técnico da França.
*Coluna publicada na edição impressa de 23 de junho de 2023.