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Custava nada

publicado: 01/12/2023 12h51, última modificação: 01/12/2023 12h51

por Felipe Gesteira*

Não custava nada o São Paulo ter mandado o time reserva para enfrentar o Bahia pela 36ª rodada do Campeonato Brasileiro. Sou são-paulino desde pequeno – ou desde menino grande, como diz meu filho mais velho para classificar pré-adolescentes, pois na visão dele, pequeno é o irmão de 4 anos de idade. Mesmo sendo o meu time em campo, tenho dificuldade de torcer quando se trata de um clube nordestino do outro lado. Eu sei que a maior parte dos atletas não são nordestinos, que no caso do Bahia o dono não é nem brasileiro, quiçá nordestino, porém, diante da derrota, são milhões de corações nordestinos em sofrimento.

Fosse final de campeonato, vá lá, torceria pelo São Paulo. Isso porque se trata de vida ou morte, céu e inferno. Não tem como numa disputa de título ambos terminarem o dia felizes. Alguém tem que chorar. No caso desse último jogo, não. Valia quase nada para o tricolor paulista, enquanto para os baianos poderia garantir a sobrevida para manutenção da equipe na elite do futebol brasileiro. A briga entre Bahia, Goiás, Vasco, Santos e Cruzeiro para escapar do rebaixamento é de foice, como se diz no Nordeste.

Há quem diga que valia sim para o São Paulo. A premiação do Brasileirão é diferente para cada clube de acordo com a posição na tabela na classificação final. Fora isso, valia também a quebra de tabu, pois o São Paulo ainda não havia vencido nenhum adversário fora de casa. Campeão da Copa do Brasil, classificado para a Libertadores do ano que vem, livre do rebaixamento e com a pior campanha como visitante. O caminho do São Paulo no Campeonato Brasileiro só não rumou para o rebaixamento porque como mandante a campanha é muito boa.

Além desses motivos, há o esportivo, claro. Quem gosta de perder? Time profissional tem mesmo é que entrar em campo para vencer sempre, mesmo que o resultado mude pouco ou quase nada na trajetória dentro da competição.

Alguns torcedores defendiam que o técnico Dorival Jr. aproveitasse esse clima de férias antecipadas, já que pouco mudaria ganhar ou perder, e fizesse os testes necessários com os jogadores da base, já pensando no planejamento do próximo ano.

Fora meninos da base, férias e tabu a ser quebrado, o principal motivo causador de angústia ao torcedor são-paulino estava na área técnica do time adversário. O treinador do Bahia é ninguém menos que Rogério Ceni, maior ídolo da história do São Paulo. Como chegou com o bonde andando, não é culpa só dele o time baiano estar prestes a cair de divisão. E já que não valia nada – ou muita coisa -  mesmo para os paulistas, não diria que profissionais deveriam entregar o jogo, mas entrar com time reserva não custava nada.

O que também não custava nada, nadinha, era o Botafogo vencer o Coritiba. Tudo bem que a partida era fora de casa, mas o adversário já estava no chão. O Glorioso terminou de jogar o título pela janela. Se havia alguém ainda nutrindo esperanças, deve ter perdido nessa rodada. O Palmeiras já dependia apenas de si para ser campeão, mas enfrenta o Fluminense no meio do caminho até a última rodada, o que não deve ser um jogo tranquilo. De todos os postulantes ao título com chances matemáticas, o Botafogo tinha o caminho mais fácil, mas precisava de um tropeço do Palmeiras. Acostumado com quedas, quem tropeçou de novo foi o time carioca.

*Coluna publicada originalmente na edição impressa de 01 de dezembro de 2023.