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ESPORTES: A jornada do ídolo

publicado: 02/10/2020 10h37, última modificação: 02/10/2020 10h37

tags: futebol , felipe gesteira , esportes

 

É preciso muito para ser reconhecido no futebol como ídolo. O resultado alcançado ao se tornar ídolo é ter sua imagem sempre associada a um clube, viver no imaginário do torcedor, ser eternamente lembrado por seus feitos, dedicação e conduta. Conquistar títulos pesa na consolidação da imagem do craque para que ele se torne eterno no clube. Mas ídolo, aquele último status que lhe dá a condição de intocável, é outro patamar. Para isto é preciso ter mais.

O primeiro ponto, claro, são as vitórias. Mas, antes de tudo, é preciso tempo. Não se constrói um ídolo da noite para o dia. Um jogador pode chegar no clube e ter uma identificação imediata com a filosofia, com o treinador do momento, com a torcida. Pode até demonstrar amor ao time, e pode ainda botar fogo em campo, carregar os companheiros nas costas, protagonizar a conquista de um título e nem assim se tornar imortal. Por isso é preciso diferenciar, pois nem todos estão no mesmo nível. O sérvio Dejan Petkovic, por exemplo, é querido pela torcida do Flamengo; Zico é ídolo. 

Em seguida, o ídolo se faz com dedicação. É ele quem chega cedo para treinar, quem cumpre tudo o que lhe é pedido. Quem se cuida, se preserva para estar inteiro nos jogos. Ser atleta é profissão. Engana-se quem pensa que o trabalho do atleta de alto rendimento acaba dentro de campo, com o apito final do juiz. Atleta depende do corpo, e para que os resultados cheguem, também precisa colher os frutos dos cuidados tomados na rotina de treinos. 

Por último, um ídolo no futebol se faz, também, fora de campo. É sua conduta como desportista, o exemplo que ele dá ao torcedor, o espelho do que ele faz nos jogos sendo refletido para fora dos limites do gramado. Um jogador de futebol muitas vezes é o herói de uma geração de torcedores, muitos em idade de formação de caráter. Ter no ídolo um bom exemplo é essencial.

Colocando tudo assim, no papel, podemos concluir que não é fácil ser ídolo. Exatamente por isso não foi surpresa para ninguém a eleição do Paris Saint-Germain que colocou o brasileiro Raí como maior ídolo de todos os tempos do clube e deixou Neymar com a sexta posição. Se quiser mais, o atual craque da Seleção Brasileira tem um longo caminho pela frente para consolidar sua condição de ídolo. Raí agora é ídolo em dois clubes: PSG e São Paulo. No caso do time francês, ser o maior de todos os tempos não é pouca coisa.

Outro que alcançou a condição de ídolo por mais de um clube nessa semana foi Rogério Ceni. O maior de todos os tempos do São Paulo agora também é imortal por outro tricolor: o Fortaleza, na condição de técnico. No paulista, foram 25 anos de dedicação exclusiva, diversos títulos e recordes que muito provavelmente jamais serão quebrados. No tricolor cearense, Rogério atingiu a marca de 1000 dias no comando do time. Não é um feito fácil para o cargo de técnico no Brasil. E no Leão, a escrita segue. É tempo, dedicação, exemplo fora de campo e conquistas. O M1to do São Paulo agora é apontado como M1t000 pelo Fortaleza. Mais que merecido. 

Vacilão

Léo Moura é querido pela torcida do Flamengo e teve passagem pelo Grêmio. Nada que o torne imortal tanto pelo clube carioca, quanto pelo gaúcho. Chegou ao Botafogo da Paraíba na condição de maior contratação da história do futebol paraibano. Quase alçado imediatamente à condição de ídolo. Tinha tudo para ser, bastava querer. Pouco correspondeu em campo, e fora das quatro linhas, é decepção que não acaba mais. Em vez de dar exemplo, faz rolê de moto, sem capacete, sem máscara de proteção facial, em plena pandemia. Parece que veio para João Pessoa a passeio. Nas redes sociais, o que não falta é torcedor do Belo reclamando do jogador. Basta uma busca rápida pelo Twitter para se constatar. Dos adjetivos, “vacilão” é o menor.

*coluna publicada originalmente na edição impressa de 02 de outubro de 2020.