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ESPORTES - A polêmica das listas

publicado: 18/12/2020 00h00, última modificação: 01/02/2021 12h07


A semana começou com uma polêmica das grandes no mundo dos esportes. É que a revista France Football, uma das mais conceituadas publicações sobre futebol, divulgou a lista com os onze jogadores que compõem o melhor time de todos os tempos. A escalação foi feita a partir da escolha de 140 jornalistas ao redor do mundo. 

Como em toda lista, há contestações após sua divulgação. Quem ficou de fora, quem merecia entrar no time e não entrou. Para tentar reduzir o impacto dos protestos que certamente viriam, a France Football criou três times, como um prêmio de consolação para quem está na história do futebol, mas não conseguiu vaga para o elenco titular. Todas as equipes foram montadas no esquema 3-4-3.

Para o primeiro esquadrão, foram estes os escalados: Lev Yashin (RUS); Paolo Maldini (ITA), Franz Beckenbauer (ALE) e Cafu (BRA); Pelé (BRA), Lothar Matthäus (ALE), Xavi (ESP) e Diego Maradona (ARG); Cristiano Ronaldo (PT), Ronaldo Fenômeno (BRA) e Lionel Messi (ARG). 

Para o “time B”, foram escalados: Gianluigi Buffon (ITA); Roberto Carlos (BRA), Franco Baresi (ITA) e Carlos Alberto (BRA); Alfredo di Stefano (ARG), Frank Rijkaard (HOL), Andrea Pirlo (ITA) e Zinédine Zidane (FRA); Ronaldinho (BRA), Johan Cruijff (HOL) e Garrincha. 

Vou me abster de citar a terceira escalação, e ainda de entrar em todas as polêmicas possíveis, suscitadas a partir das três listas. Não consigo, no entanto, passar sem dizer que é estranho me deparar com listas em que de 33 jogadores, Zico não faça parte de nenhuma delas. Há tantos outros que poderiam ter entrado ao menos no terceiro elenco, mas listas são assim, injustas e polêmicas por essência. E apesar de ter visto Cafu, o mais contestado da primeira lista, jogar em alto nível pelo São Paulo e pela Seleção, prefiro Philipp Lahm, que jogava nas duas laterais, de zagueiro, de volante, e do que mais precisassem. 

Além da polêmica, o que eu quero mesmo é falar sobre os dois primeiros times. Estas listas envolvem jogadores que não atuaram na mesma época, e buscam sempre sua fase no auge, até em posições por onde atuaram. Ronaldinho, por exemplo, jogou a maior parte da sua carreira como meia atacante, pelo centro, mas foi como ponta esquerda que ele fez as temporadas mais incríveis pelo Barcelona. 

Entendo perfeitamente o mérito de todos os jogadores que estão na primeira lista. Não vim aqui para contestar. Digo, no entanto, que se estes elencos existissem como times de futebol, torceria para o segundo. 

Nem que sofresse. Nem que soubesse estar do lado dos perdedores. Sim, porque é virtualmente impossível vencer um adversário que tem Cristiano Ronaldo, Ronaldo Fenômeno e Messi formando um trio de ataque, recebendo passes e lançamentos de Xavi, e ainda tendo Pelé e Maradona na chegada. Seria um time implacável.

Mesmo assim, eu fico com o segundo, e chego a suspirar com a beleza que seria ver Zidane e Garrincha atuando pelo mesmo lado do campo, com mais dois atacantes que de postes, não têm nada. Pirlo na armação de jogadas. O capitão do Tri atuando novamente em alto nível. Seria uma bela oportunidade para Cruijff reimplantar seu carrossel, colocar Rijkaard de pivô, e ainda Roberto Carlos no ataque, tal qual era escalado nos times de videogames que fizeram a infância da minha geração.  

*Coluna publicada originalmente na edição impressa de 18 de dezembro de 2020