Incontestável. O maior craque português de todos os tempos, e indiscutivelmente um dos maiores jogadores da história do futebol mundial, alcançou mais uma marca vestindo a camisa de sua equipe nacional. São mais de cem gols marcados em jogos oficiais por Cristiano Ronaldo pela Seleção de Portugal. O “robozão”, como é conhecido, faz a diferença em todos os times por onde passa.
O que não deve ser fácil é a vida de quem torce contra Cristiano Ronaldo. “Penaldo”, dizem, pela quantidade de gols marcados de pênalti, como se fosse fácil assumir a responsabilidade e resolver. Muito da crítica vem pela marra que ele exibe desde o início de sua carreira. Quando lhe comparavam com o Ronaldo brasileiro, o Fenômeno, o português chegou a dizer que só havia “um Ronaldo”.
Hoje, o Ronaldo português é maior que o brasileiro.
Há quem conteste no âmbito subjetivo, pois quem viu Ronaldo Fenômeno no auge sabe que ninguém, isolando aquela fase da carreira de R9, foi maior. Mas eis a questão: é justo comparar momento com trajetória? Ronaldo foi impressionante, incomparável em seu ápice, mas se formos isolar mais, fechar ainda mais, Adriano, o Imperador, em seu momentum na Itália, apesar de mais breve que o auge do Fenômeno, também foi maior que CR7.
Não é nada justo. O que Cristiano Ronaldo construiu ao longo de sua vivência no esporte, todas as marcas alcançadas, recordes quebrados, prêmios de melhor jogador do mundo e, principalmente, partidas onde ele decidiu individualmente o resultado de um esporte que é coletivo fazem do Ronaldo português maior que todos os outros.
Sim, existe o alienígena Lionel Messi. Mas a cobrança sobre o argentino nunca ter sido decisivo pela Seleção da Argentina pesa sobre o legado histórico dele para o futebol. Faltou sorte para Messi? Se os problemas da equipe nacional eram de elenco, comando tático, ou se o camisa 10 do Barcelona realmente rendeu menos do que poderia, nunca saberemos.
Guardadas as proporções, a história no futuro reservará a Messi o status devido de um dos maiores de todos os tempos, porém, para os argentinos, como não construiu sequer identidade com nenhum clube no país, nem alcançou até então qualquer conquista pela Seleção, será menor do que Zico é para os brasileiros. E Zico, convenhamos, só é criticado por quem não entende ou não gosta de futebol.
De Cristiano Ronaldo, pode-se dizer que ele foi tudo. E se for preciso resumir o robozão em uma só palavra, arrisco a usar ‘constância’. Cristiano Ronaldo não é aquele jogador que desencanta em um jogo, resolve, marca três gols e, no entanto, passa em outros completamente apagado, passeando em campo. Isso, infelizmente, se vê muito entre os craques brasileiros.
Para CR7, todo jogo é de muita entrega. E mesmo quando ele não marca, continua sendo decisivo. Sua presença em campo muda o tom da partida, o moral do seu time e o respeito dos adversários. O Real Madrid tem um elenco à altura de não sentir falta do português, mas ainda não soube repor a presença em campo que Cristiano Ronaldo impunha quando atuava pelo time.
Ao considerarmos todas as habilidades, a dedicação, a diferença que ele consegue causar na partida e, ainda, sua relevância para a seleção de seu país, Cristiano Ronaldo só pode mesmo ser comparado a Pelé.