Se tem uma coisa da qual não podemos dizer sobre o alemão Jürgen Klopp, técnico do Liverpool, é que ele conta com a sorte na sua carreira. Sim, é preciso ter um pouco de sorte, mas antes de dizermos que os resultados de Klopp são fruto de muito trabalho, basta uma olhadela para trás e será possível lembrar de tropeços onde o treinador tinha tudo para se sagrar vitorioso e o que faltou foi sorte.
Foram duas finais de Champions League perdidas por muito pouco. Em 2012-2013, quando comandava o Borussia Dortmund, Klopp viu seu time cair diante do Bayern de Munique. Naquela derrota podemos dizer que não foi só falta de sorte, pois os bávaros eram favoritos. Tinham a base da seleção alemã que viria a ser campeã mundial no Brasil, em 2014, com direito a humilhar o time da casa e tudo o mais, além dos gringos Robben, Ribery e Mandzukic formando um trio de ataque de fazer inveja a qualquer superequipe internacional.
Apesar do favoritismo adversário, Klopp tinha chances. Seu time contava com uma das torcidas mais enérgicas do mundo, vinha motivado por uma excelente campanha, tinha o desafio de fazer uma final contra o principal rival. Para completar, estavam no ataque Reus e Lewandowski, ambos em grande fase.
Anos depois, já no comando do Liverpool, pode-se afirmar que faltou sorte a Klopp na final perdida para o Real Madrid, em 2017-2018. Novamente o adversário era favorito, mas o time do técnico alemão vinha motivado, com o brilho dos campeões. Motivação, aliás, é marca das equipes comandadas por Klopp. Dá gosto de ver, e desgosto ao lembrar que falta à Seleção Brasileira essa motivação pra jogar bola.
Naquela disputa contra o Real Madrid, o grande nome, para o azar de Klopp, não foi de nenhum dos autores dos gols pelo time espanhol, mas do zagueiro Sergio Ramos. O defensor foi responsável por tirar de campo com uma jogada violenta o maior craque do Liverpool, o egípcio Salah, e também pela pancada na cabeça do goleiro Karius, quando o jogo ainda estava zero a zero. O goleiro do Liverpool entregou duas bolas em lances inacreditáveis, e somente depois, após exames médicos e perícia sobre o vídeo do jogo, ficou provado que ele havia sofrido uma concussão, e que teria jogado com disfunção visual. Os gols dados ao adversário foram decisivos no placar de 3 a 1 para os espanhóis.
Hoje, Klopp já acumula uma Champions League e um Mundial de Clubes, e está muito, muito perto de colocar a mão no título da Premier League, a liga inglesa.
Na verdade, enquanto você lê esta coluna, Klopp pode até já ser campeão. Isto porque, enquanto escrevo, o técnico aguarda o resultado de Chelsea x Manchester City, que acontece nesta quinta-feira (25), no caso ‘ontem’, para quem tem o jornal impresso em mãos. E caso o City de Pep Guardiola perca, o Liverpool será campeão sem entrar em campo, com 23 pontos de vantagem, sete rodadas antes do fim do campeonato.
Somente o imponderável pode tirar de Klopp e do Liverpool este título da Premier League. Vale lembrar que o azar bateu à porta, pois com a pandemia causada pelo novo coronavírus, houve quem pedisse para cancelar toda a temporada. Seria injusto demais com a belíssima campanha até a parada do futebol, e muita falta de sorte. Os caminhos sensatos eram considerar os resultados até a parada, ou retomar os jogos com portões fechados. Com a segunda opção adotada, vai dar Liverpool. Na verdade, deve dar Liverpool. Seria imponderável até demais se não desse Liverpool campeão, ontem, ou nos próximos dias.