Notícias

ESPORTES: O desastre Diniz

publicado: 25/09/2020 09h55, última modificação: 25/09/2020 09h55

tags: fernando diniz , são paulo , futebol , FELIPE GESTEIRA

 

Parece história da carochinha. Um “professor” que mal sabe daquilo que ensina. Pode até ser que saiba, sei lá. Não vamos chamá-lo de mentiroso. Mas trabalho comprovado, isso daí ele não tem. Que empresa confiaria contratar para um cargo de gerência alguém que, apesar de vender sonhos, não consegue comprovar competência alguma em sua área de atuação? A resposta só pode estar na política. Isso porque na intenção de prometer o inalcançável, projeta-se um resultado que, se der certo, pode entrar para a história. Se der errado, é mais uma crise para a conta. E assim se desenhou a proposta de Fernando Diniz para o São Paulo. 

Com um bom trabalho desenvolvido no Audax, que culminou com o vice-campeonato em 2016, o técnico foi abraçado pela mídia como “inovador” e “competente”. Confesso que nessa época eu mesmo queimei a língua. Diniz propunha um estilo de futebol com o Audax que parecia ser mérito completamente seu, mas ao ver outros times sob seu comando, mais parece que foi um acaso conjuntural onde o elenco foi o principal responsável. 

Fernando Diniz foi para o Fluminense prometendo sonhos. Segundo a imprensa que o elevou como salvador do futebol brasileiro, só na Europa se sabe jogar como Diniz dizia saber fazer seus times jogarem. Era para alguns jornalistas e comentaristas esportivos o Pep Guardiola do Brasil. Se com o próprio espanhol eu tenho minhas ressalvas, Diniz então teria que mostrar muito resultado até merecer o tanto de louros que já recebeu sem que tivesse conquistado algo efetivo. 

Se não entrega o sonho que promete, uma coisa era certa com Fernando Diniz: mídia barata por muito pouco. Foi assim quando ele assinou com o Fluminense. E, apesar do resultado ruim no Rio de Janeiro, a cartilha foi a mesma quando fechou com o São Paulo. Os clubes não tinham cacife para contratar um medalhão nacional, ou um treinador de alto nível internacional, resolveram com um pouco conhecido, que muito promete e pouco alcança.

É fato que o nível dos treinadores brasileiros está abaixo do padrão europeu. Não tem como negar a diferença de resultados apresentados ano passado por Jorge Jesus, pelo Flamengo, e Sampaoli, pelo Santos, agora no comando do Atlético Mineiro. São considerados treinadores do segundo escalão nas grandes ligas europeias, e ainda assim são bem superiores aos técnicos que se revezam no Brasil.

De toda forma, não dá pra dizer que tudo o que se faz aqui é ruim e tudo o que vem da Europa é bom. 

No caso de Fernando Diniz, o que mais complica, além da falta de resultados, é a tentativa de impor um estilo de jogo que ele próprio não conhece com profundidade, e ainda fazer com que jogadores formados em bases completamente diferente esqueçam suas raízes, seu estilo de jogo, para fazer algo que ele tem como ideal, porém nem sabe como se faz. O padrão de seus times, visto tanto no Fluminense quanto no atual São Paulo, é exatamente o mesmo: uma posse de bola atabalhoada e sem qualquer efetividade. 

Diniz é aquele coach que promete levar seus clientes empresários ao sucesso, porém sem que ele tenha aplicado seus conhecimentos em empresa alguma. Arriscar com o dinheiro dos outros é muito fácil. 

Por muito menos o São Paulo já despachou treinadores melhores. O uruguaio Diego Aguirre foi um deles, só pra ter como exemplo. 

O falso futebol apresentado por Fernando Diniz sob a justificativa de estilo único é perigoso não só para os times que acreditam na sua proposta, mas para o futebol brasileiro. Se a moda de segurar bola e não fazer gol pega, os jogos ficarão de dar sono - e raiva para o torcedor.

*coluna publicada originalmente na edição impressa de 25 de setembro de 2020.