Daniel Alves continua sendo o melhor lateral-direito brasileiro do mundo.
Dani Alves já era o melhor do mundo na Copa de 2010. Perdeu a posição para Maicon, tão bom quanto, mas que desempenhava melhor o apoio na defesa. Na Seleção do retranqueiro Dunga, que levou sete volantes e nenhum substituto para Kaká, Dani Alves foi relegado.
A polêmica sobre em qual posição deve jogar o veterano camisa 10 do São Paulo foi estabelecida desde a sua contratação e continua firme até hoje. Nas redes sociais digitais, a torcida não alivia um dia sequer. Se ele vai mal no meio campo, chovem críticas de torcedores, mesmo que o time tenha vencido a partida. Se joga na lateral-direita, posição onde se consagrou, a página do clube recebe uma enxurrada de mensagens na linha “tá vendo aí!”, sempre em tom impositivo, como se torcedor escalasse time.
Quando contratado pelo São Paulo, o que mais impressionou foi Dani Alves ter vindo em grande momento da carreira. Não se tratava de um jogador decadente, sem mercado na Europa e que vinha buscar espaço no Brasil. Longe disso. E para que não houvesse qualquer dúvida sobre onde ele iria jogar, o Tricolor contratou junto um lateral-direito de peso, o espanhol Juanfran, também em boa forma e com espaço no mercado europeu da bola.
Nesta temporada 2021, com o fim do contrato do espanhol Juanfran, a pressão sobre Dani Alves na lateral-direita voltou com força. O São Paulo correu para contratar Orejuela e abafar a implacável cobrança dos torcedores.
O que se diz na imprensa esportiva de modo geral é que ter o melhor lateral-direito do mundo é um ótimo problema para o técnico Hernán Crespo.
Problema maior ainda porque justamente por motivo de lesão dos laterais da função Dani Alves tem jogado de ala numa formação com três zagueiros. O resultado? Destruiu tudo. Mandou nas partidas, fez a diferença. Ter o melhor do mundo em campo não é para qualquer um. Na partida de estreia do São Paulo pela Copa Libertadores, contra o Sporting Cristal, Dani Alves acertou 95,1% dos passes. Foram 58 passes certos e ainda 12 recuperações de bolas.
Nessa discussão pragmática sobre em qual posição o capitão da Seleção Brasileira na última Copa América deveria jogar, torcida e analistas esportivos esquecem do lado humano. Onde ele quer jogar? E se a função de meia tiver sido colocada à mesa na negociação para a vinda? Imagine se você, leitor, fosse dono de uma empresa que tivesse no quadro técnico o melhor
profissional do mundo para determinada função. Porém, após prêmios e reconhecimento internacional, ele decide que gostaria de mudar de posição na empresa. Um outro cargo, de semelhante importância, porém com maior visibilidade. Seria também um novo desafio profissional. O funcionário alega, ainda, que não se trata de aposta, pois até já desempenhou esta mesma função para a qual deseja se tornar efetivo em grandes empresas. Não vale mesmo considerar?
O bom problema para Crespo é ter uma zaga forte e nenhum excelente lateral que seja bom no setor defensivo. Tanto Dani Alves quanto Reinaldo são apoiadores de alto nível. No 3-5-2, até Pablo desencantou a fazer gol e o São Paulo foi impecável. Veremos como fica o time com o retorno de Orejuela.
Se me perguntarem como torcedor do São Paulo como eu gostaria de ver Dani Alves, digo apenas que, em respeito ao grande profissional que ele é, quero vê-lo feliz. E sabendo desse profissionalismo, creio que se der errado no meio com Crespo, não vai insistir em ponta de faca. Já deu o prazo, Dani Alves quer ser campeão pelo São Paulo.
*Coluna publicada originalmente na edição impressa de 30 de abril de 2021.