Nem caiu como uma bomba tão forte assim a notícia de que o atacante holandês Arjen Robben havia recebido uma sondagem do Botafogo para largar sua aposentadoria como jogador de futebol e vir fazer sucesso no Brasil, nos braços da torcida do Glorioso. Robben pendurou as chuteiras como ídolo no Bayern de Munique, e se decidisse voltar a jogar bola, teria muita lenha para queimar. Quem não gostaria de vê-lo cortar para a esquerda e fazer gol do mesmo jeito de sempre? Aposto que até os rivais cariocas iriam sorrir, nem que fosse discretamente, por um momento. Um craque como Robben eleva o nível do futebol como um todo.
Então, por que uma sondagem desse porte não impactou tanto a torcida? Apesar da virtuosa contratação do meia japonês Keisuke Honda, outras sondagens do Botafogo com grandes craques no mercado internacional da bola se mostraram que não passavam de sondagens distantes, como foi o caso do meia marfinense Yaya Touré e do nigeriano Obi Mikel.
Há quem diga que mesmo a sondagem com Honda não era assim tão verdadeira, e que só tornou possível a contratação após a surpreendente mobilização da torcida por meio das redes sociais digitais, fato observado pelo clube e muito bem aproveitado como uma grande jogada de marketing. No fim das contas, o clube trouxe um jogador de peso internacional e novamente viverá a experiência de ter um craque desse porte, assim como foi com Seedorf.
Outro ponto interessante a se considerar é que enquanto o futebol está parado por conta da pandemia causada pelo novo coronavírus, fica difícil mobilizar o noticiário esportivo, já que nem mesmo treinando nos clubes os jogadores estão. Assim, qualquer notícia que surge sobre novas contratações toma conta de tudo quanto é manchete, mesmo que se trate de uma furada.
Foi desse jeito com o rumor de que o atacante uruguaio Edinson Cavani estava para desembarcar no São Paulo. O boato surgiu da boca de um diretor do Tricolor, Diego Lugano, que também é uruguaio e ainda é amigo de Cavani. Mas quem ouviu direito a entrevista que Lugano concedeu à uma rádio argentina percebeu que desde o começo era apenas clubismo. O ex-zagueiro são-paulino não falou que estavam sondando seu compatriota, mas que se Cavani viesse jogar na América do Sul, dificilmente seria em um clube argentino antes de passar pelo São Paulo. Havia, antes de tudo, uma condicionante. A torcida embarcou, o clube achou graça e a conversa rendeu por quase duas semanas.
Os episódios acima, tratados com bom humor pelas diretorias dos clubes, nos fazem lembrar de grandes fiascos em contratações internacionais por parte de clubes brasileiros que se anteciparam em divulgar antes os rumores, mas esqueceram de combinar com os possíveis contratados.
Um dos casos mais emblemáticos é o do centroavante marfinense Didier Drogba, anunciado em 2017 nos bastidores como reforço certo pelo Corinthians. Vazou na imprensa, a torcida enlouqueceu, e a recusa do craque fez o clube virar piada. Até jogadores rivais entraram na onda. Felipe Melo, meia do Palmeiras, em transmissão ao vivo no seu perfil no Instagram zoou os corintianos ao chamar Drogba de ex-jogador do clube. A piada ficou tão institucionalizada que hoje, ao digitar o nome do jogador “Drogba” no Google, o site de pesquisas oferece como sugestão para autocompletar na busca o termo “no Corinthians”.
Melhor que isso só a contratação do francês Anelka pelo Atlético Mineiro, anunciada pelo próprio presidente do clube, que na época era Alexandre Kalil.