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Hoje tem gol do Oswaldinato!

publicado: 05/03/2020 00h00, última modificação: 11/03/2020 09h45
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tags: felipe gesteira , esportes , opinião , EA Sports , E-sports , PES , FIFA , games

 

Pires; Sabrão, Dourado, Damesio, Carvalheira; Inálcio, Fachini, Mei; Paiva, Oswaldinato, Prazeracinho. Você não conhece nenhum dos nomes citados nesta escalação porque eles simplesmente não existem. A pior parte deste elenco fictício é que o esquadrão representa ninguém menos que o maior time brasileiro da atualidade no mais popular jogo de futebol para videogames, a franquia Fifa, da desenvolvedora EA Sports. Infelizmente, para quem é fã do Flamengo e gosta de curtir uma pelada nas plataformas digitais, não vai ter gol do Gabigol, pelo menos neste jogo.

O fracasso da Copa Libertadores da América nos videogames para este ano era previsto, conforme antecipado aqui nesta mesma coluna, na semana passada. A confirmação é que veio só nesta semana, após o lançamento oficial do conteúdo extra para o Fifa 2020 com as competições da Conmebol. Os clubes estão lá, com padrões e escudos devidamente licenciados graças aos direitos autorais cedidos pela entidade que organiza os eventos, porém, por conta da Lei Pelé, os direitos de cada jogador precisam ser negociados individualmente, e no caso dos times brasileiros que disputam a maior competição de clubes das Américas, os direitos de imagem são cedidos à Konami, dona do jogo PES, concorrente maior do Fifa.

É uma pena que a briga por direitos exclua os atletas. Com os genéricos, a experiência se torna extremamente frustrante. Não é só no nome que os atletas virtuais diferem dos reais. No caso do camisa 9 do Flamengo, seu equivalente como homem de área responsável pelos gols da equipe se chama Oswaldinato, e nem na aparência se parece com o nosso Gabriel Barbosa. O do jogo é um cabeludo e branquelo que está mais para argentino do que qualquer outra coisa. Nenhum dos atletas que jogam em clubes licenciados no PES sequer teve seu rosto escaneado para o Fifa.

Apesar de se tratar de uma tragédia anunciada, a comunidade gamer não perdoou a detentora dos direitos da Libertadores pela competição virtual com jogadores genéricos e soltou os memes nas redes sociais digitais. A falta de cuidado com os nomes é tamanha que a Fifa não teve nem mesmo o trabalho de inserir nomes ao menos possíveis. Tramontinal, Chiamulera e Piodão são mais alguns dos exemplos. No Fortaleza, dois jogadores chamam atenção por seus nomes: Cachoira e Cacheira. Parece que saíram de um gerador de nomes genéricos onde o algoritmo quer fazer entender que fazem parte de uma mesma família onde os pais buscaram colocar nomes parecidos nos filhos.

Do outro lado do capitalismo, o PES oferece a versão mais básica do jogo com alguns times brasileiros, como Flamengo e São Paulo, totalmente de graça. O jogo em si é sofrível se comparado ao Fifa, mas ao menos os jogadores estão todos lá, em sua integralidade. Voltamos aos tempos em que era preciso escolher entre se divertir com o jogo mais confortável de se jogar, ou controlar os atletas que vestem a camisa dos nossos times. Tenho jogado PES e está difícil engolir a mecânica travada do jogo, mas disputar uma pelada online contra flamenguistas e poder fazer no videogame o que meu time não fez em campo ao longo de 2019, não tem preço! Para 2020, na Libertadores dos joysticks, resta comemorar o gol do Oswaldinato.

*coluna publicada originalmente na edição impressa de 05 de março de 2020