Zico terminou sua carreira como jogador de futebol sem ter conquistado uma Copa do Mundo pela Seleção Brasileira. Em qualquer lista para elencar os dez maiores jogadores brasileiros de todos os tempos, certamente Zico estará, ou equivocada será a lista. Zico aparece até em listas dos melhores de todos os tempos no mundo, tamanha é sua importância. No Flamengo, então, é incontestável. Uma pena que o Brasil de 1982 não tenha sido campeão, que Zico não tenha uma Copa entre seus títulos. Talvez a prova de que os deuses do futebol também falham quando estão a traçar os destinos mundanos.
Zico sem uma Copa do Mundo não é nem um centímetro menor por isso. Não se torna inferior a quem conseguiu. Só seria mais justo, por sua história, se tivesse. Mas se o mundo não é justo, por que a Copa seria?
Lembro-me de Zico quando olho para a carreira do alemão Marco Reus. Longe de mim comparar Zico a Reus. Zico está no patamar das lendas do futebol, enquanto Reus é apenas um grande jogador, mas, assim como Zico, injustiçado em seu legado por poucos títulos diante da bola que jogou.
Guardadas as devidas proporções, da mesma forma que Zico é absoluto no Flamengo, Reus já está imortalizado entre os maiores ídolos de todos os tempos no Borussia Dortmund. Diferentemente de Zico, Reus não fez parte da maior seleção que já entrou em campo em um mundial e perdeu na bola, mas ficou de fora da equipe alemã vencedora em 2014 por conta de lesão. Zico sem uma Copa não é menor que Vampeta, da mesma forma que Reus, titular naquele time se estivesse em plena forma, não é menor que Khedira.
Reus também não ganhou nenhum título da liga alemã, a Bundesliga. Em 12 anos defendendo as cores do Dortmund, o meia-atacante venceu duas Copas da Alemanha e duas Supercopas.
Neste sábado, 1, Reus terá nova chance de ganhar um título de grande expressão para seu clube. A última chance, na verdade. Será a segunda final de Uefa Champions League do alemão, que foi vice-campeão pelo Dortmund em 2013, quando perdeu para o Bayern de Munique. Aquele Borussia Dortmund era melhor que o de hoje, tinha Reus no auge, um grande treinador, time muito bem encaixado, mas fez a final contra um dos maiores elencos da história do futebol mundial. Era um Bayern que ganhava quase tudo.
Novos tempos, outros desafios. O time adversário não é tão forte quanto aquele, mas tem um elenco campeão, um técnico vencedor e um atacante que vem com tudo para ganhar a Bola de Ouro da temporada. Não dá para menosprezar o Real Madrid numa final de Champions. Apesar de parecer um confronto equilibrado, vejo os espanhóis como favoritos. E ainda, pelo tanto que admiro Reus, sua trajetória, merecimento de um título desse tamanho, vou torcer mesmo é por Vini Jr.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 31 de maio de 2024.