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#100 'Rua do Medo' e a experiência dos filmes em série

publicado: 21/07/2021 08h00, última modificação: 21/07/2021 07h32
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'Rua do Medo - 1994' é primeiro longa de três foram lançados semanalmente

tags: rua do medo , netflix , gi com tonica


Muitos cresceram assistindo episódios diários de suas telenovelas preferidas com direito a spoilers à vontade nas seções dos jornais. Eram para lá de 200 capítulos no ano! Contar o que ia acontecer era até um favor. Quando os canais abertos e fechados aderiram de vez ao formato das séries semanais, vimos (quase sempre) a qualidade das produções aumentando e, com ela, a expectativa para o capítulo da semana da semana seguinte.

As séries de 10 temporadas, com 25 episódios de 50 minutos cada, graças ao imediatismo e excesso de informações absorvidaspelo público (sem contar com as cargas horárias exploratórias dos roteiristas) deu espaço para programas com menos capítulos e produções por vezes cinematográficas. E então vieram os serviços VOD (Vídeo on Demand). A moda era maratona de séries.

Ficamos tão mal acostumados com os catálogos diversos e gigantescos que só esperam nosso "play" que "expectativa" por um novo episódio semanal virou "ansiedade". No meio de todo esse rebuliço, as produções cinematográficas continuaram com seus calendários de lançamentos anuais. E se existe alguma mudança mercadológica por vir, a rodada teste aconteceu neste mês na Netflix.

A plataforma de streaming lançou a trilogia 'Rua do Medo', um título original Netflix, e ao invés do público demorar demorar três anos para acompanhar a história, só foram necessárias três semanas: 'Rua do Medo - 1994' foi lançada no dia 02 de julho; 'Rua do Medo - 1979' estreou em 9 de julho e 'Rua do Medo - 1666' fechou o ciclo em 16 de julho. 

Filme em série, minissérie limitada ou série fílmica? Esteticamente, ‘Rua do Medo’ tem o padrão cinematográfico da maior parte das séries Netflix. Muito se fala na Academia em "produção industrial" e a trilogia fílmica soa como um novo modelo carregado disso. A série tem algumas coisas sofríveis como a trilha sonora por diversas vezes deslocada ou alta demais, e outras bem medianas, como a maioria das atuações. O caráter mercadológico também é utilizado nas obras homônimas que originaram o filme. A série ‘Rua do Medo’, de R. L. Stine, foi publicada entre 1989 e 2014 e, desde então, mais de 51 títulos (desses, 16 traduzidos para o português) foram lançados e 80 milhões de cópias vendidas.  

A trilogia de terror de Leigh Janiak acompanha um grupo de amigos residentes da cidade de Shadyside, um local supostamente amaldiçoado que fica vizinho à cidade próspera de Sunnyvale. A jovem Deena (Kiana Madeira) e sua namorada Sam (Olivia Scott Welch) se deparam com acontecimentos misteriosos após um acidente de carro. Acontece que, durante três séculos, a fictícia Shadyside foi palco dos mais horrorosos crimes em série e caberá ao grupo de amigos tentar quebrar a maldição. Cada filme contextualiza a vida da bruxa Sarah Fier até que conhecemos sua origem.

‘Rua do Medo’ é do gênero slasher e homenageia grandes clássicos do estilo, como Pânico (1996), O Massacre da Serra Elétrica (1974) e Halloween (1978), tanto que traz apresenta logo um punhado de vilões mascarados de uma vez só. Dito isto, a trilogia não vai conseguir te fazer ter pesadelos ou sentir calafrios e também não apela para os sustos. Mas então por que assistir? Porque ‘Rua do Medo’ é um filme pipoca que faz divertir pelo gore, o roteiro interessante e a história envolvente, tornando os longas um tipo de “aventura de terror”, como It - A Coisa (2017).

Dou para a trilogia ‘Rua do Medo’ uma nota sólida de 6/10. Filmes divertidos e nada pretensiosos, com mensagens interessantes e narrativa redondinha, com uma previsibilidade mais nítida apenas no terceiro filme da série, sustentando bem o mistério ao longo dos dois primeiros filmes. 

Assista sem a pretensão de consumir um novo clássico do terror. Pegue sua pipoca e aproveite! 

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Hoje sopramos velinhas: você acaba de ler a coluna "Gi com Tônica" de #100! Obrigada por me acompanhar até aqui e "vamosimbora" para as próximas cem!

 *Coluna publicada originalmente na edição impressa de 21 de julho de 2021.