por Gi Ismael
Este ano, como bem sabemos, foi morno no quesito "lançamentos de filmes". Com as salas de cinema fora da jogada, o foco das produtoras e distribuidoras foi voltado para títulos que pudessem ser bem aproveitados de casa. Séries populares como 'Lucifer' e 'A Casa de Papel' entregaram superestreias, e no meio de diversas outras produções, plataformas de streaming como Disney+ e HBO Max chegaram para sacudir o mercado no Brasil. E por falar em HBO, foi lá que entrou no catálogo, neste último domingo (12), o mais novo filme de Supervilões do universo da DC Comics, 'O Esquadrão Suicida'. E não, não é exatamente uma continuação daquele outro filme de 2016 com Jared Leto interpretando um Coringa meio emocore.
Neste capítulo, seis prisioneiros são retirados do sistema de segurança máxima Belle Reve para servirem aos Estados Unidos da América em uma missão na América do Sul. A dona do grande botão vermelho que pode matar qualquer desertor da Força Tarefa X é a durona Amanda Waller, interpretada por ninguém menos que Viola Davis. Com apenas Coronel Rick Flagg (Joel Kinnaman) e a favorita Arlequina (Margot Robbie) como figurinhas repetidas — esta última estrelando pela terceira vez em uma produção da DC — no time, o novo Esquadrão Suicida é formado ainda por Sanguinário (Idris Elba), Pacificador (John Cena), Tubarão-Rei (Sylvester Stallone), Polka Dot Man (David Dastmalchian) e Caça-Rato 2 (Daniela Melchior).
Esta saga tem roteiro e direção de James Gunn e produção executiva de Zack e Deborah Snyder. Enquanto Snyder tem o know-how de décadas trabalhando com filmes arrasa-quarteirões da DC Comics, Gunn sabe bem entreter quando o assunto é cinema baseado no universo de quadrinhos. Responsável pela direção e roteiro de 'Guardiões da Galáxia' e 'Guardiões da Galáxia - Vol. 2', dois dos maiores sucessos do MCU, ele trouxe o tom perfeito da mistura de comédia com gore que a obra pedia. Quem aqui não ficou apaixonado pelo Tubarão-Rei, ou Nanaue, o bobão assassino? Seria ele o Groot ou o Drax dos vilões?
Já que foi estabelecida a comparação Marvel x DC, é mais justo comparar o filme de James Gunn à Deadpool. O tom jocoso do longa aparece até nas campanhas publicitárias. Numa ação de timing e casting perfeitos, a HBO convidou a cancelada Karol Conká para divulgar a chegada do filme na plataforma. A vilã do BBB sugere até mais uma personagem para o time: a Cuca, do Sítio do Pica-pau Amarelo dos anos 2000. "Ela já vem até vacinada", diz a Mamacita na propaganda cheia de memes.
Apesar de contar com trechos que tentam ser tocantes ou trazer um toque humanizado aos personagens, 'O Esquadrão Suicida' não tem a pretensão de ser mais uma história de redenção. A ótica é mais relativista, na verdade. Quem é mais malvado: aquele que mata guerrilheiros ou o que mata criancinhas?
No mais, não espere por um filme profundo — inclusive, acho que está bom de tentar profundidade em tudo que é longa cinematográfico de ficção. Mas, com certeza, se prepare por umas boas horinhas de diversão garantida, zooms inesperados e cabeças rolando.
*Coluna publicada originalmente na edição impressa de 15 de setembro de 2021.