por Gi Ismael*
Sem nenhum embasamento e com dados única e exclusivamente retirados da minha cabeça, afirmo que novembro está sendo o mês com mais lançamentos musicais de 2021. E não só de um gênero! Do pop ao rock, há poucas semanas do ano terminar e as plataformas de streaming já estavam em chamas. Só na última sexta-feira, foram quatro grandes novidades: Taylor Swift lançou a regravação de um disco e ainda de quebra estreou um curta-metragem; Céu soltou um álbum de covers; finalmente veio o disco de estreia de Silk Sonic e a rainha Beyoncé deu as caras com a surpresa de um single que já vem sendo sondado para levar uma estatueta do Oscar.
Então vamos por ordem de chamada: um dos tópicos mais comentados dos últimos anos no mundo pop internacional foi a batalha judicial de Taylor Swift contra o empresário Scooter Braun. Desde 2019, a cantora e compositora estadunidense, um dos maiores nomes do pop desde o começo dos anos 2000, teve os direitos autorais de suas músicas vendidos por Braun por centenas de milhares de dólares sem a sua permissão. Estamos falando de canções estouradíssimas, que sempre estiveram nos topos das paradas e que a levaram para o status de “superstar”. Na corda bamba e com a possibilidade de perder dezenas de músicas que ela própria compôs, Swift acabou optando por regravar seus primeiros discos e é isto que vem acontecendo em 2021.
Após Fearless (Taylor’s Version), o disco Red (Taylor’s Version) foi lançado na última sexta-feira, 12. O álbum conta com mais de duas horas de audição, incluindo uma versão de 10 minutos da música ‘All Too Well’, faixa escolhida como tema do curta-metragem escrito e dirigido por Taylor, que também atua na produção. O filme é protagonizado ainda pela atriz Sadie Sink (Stranger Things, Rua do Medo) e o ator Dylan O’Brien (protagonista da franquia Maze Runner) e está disponível no YouTube.
Um dos mais comentados lançamentos nacionais foi Um Gosto de Sol, disco da paulista Céu. Não, o título não é uma coincidência com o nome da canção de Milton Nascimento & Lô Borges presente em Clube da Esquina (1972). Acontece que com 14 faixas, o álbum é um apanhado de covers regravados por Céu e produzidos por seu companheiro Pupillo. Dos anos 1920 aos anos 2000, a obra traz versões jazzísticas/pop/MPB de músicas lado A e lado B de artistas nacionais e estrangeiros, embaladas pela doce voz de Céu. Russo Passapusso a acompanha em ‘Teimosa’, de Antonio Carlos & Jocafi, e Emicida divide os vocais em ‘Deixa Acontecer’, do Exaltasamba. Canções de artistas como Rita Lee, Alcione, Beastie Boys, Jimmy Hendrix, João Gilberto, Sade e Fiona Apple estão presentes no álbum. Mistura boa!
Por falar nessa onda retrô, não tinha como dar errado um grupo de R&B formado por Bruno Mars e Anderson .Paak. A resposta óbvia veio com o lançamento do single ‘Leave the Door Open’ em março deste ano, faixa que conta com mais de 600 milhões de “plays” só no Spotify. Pois bem, as milhões de reproduções (e de dólares também, claro) receberam uma bela impulsionada no fim de semana pois dia 12 também foi dia do lançamento do disco An Evening With Silk Sonic. Álbum direto ao ponto: música sexy e dançante, com referências de black music nas alturas. Além do rythm & blues, disco music e baladas dos anos 1970 estão presentes do começo ao fim.
Para encerrar a coluna com chave de ouro, deixo aqui um registro do single ‘Be Alive‘, de Beyoncé, o primeiro da cantora desde 2020. A música faz parte da trilha sonora original do filme King Richards - Criando Campeãs, drama protagonizado e produzido por Will Smith e com direção de Reinaldo Marcus Green. Com estreia marcada para as próximas semanas nos cinemas brasileiros, o longa biográfico conta a história de Richard Williams (Will Smith), pai das atletas Serena Williams e Venus Williams, e todos os sacrifícios e empenhos feitos para abrir os caminhos para que suas crianças, com muita dedicação e esforço, se tornassem duas das maiores tenistas da história. A canção de Beyoncé fala sobre essa determinação e sobre o ato de resistência que é ser negro e não desistir de seus objetivos quando se vive em um país racista como os Estados Unidos.
Ufa! Ao que me consta, nos últimos dias também tivemos lançamentos de Anitta, Placebo, Manu Gavassi, Rosalia + The Weekend e Avril Lavigne. Para esta semana? Apenas o esperadíssimo disco 30, de Adele. Mas sobre ele, eu falo na próxima semana.
*Coluna publicada originalmente na edição impressa de 17 de novembro de 2021.