Notícias

#118 Para todos os filmes que amei

publicado: 04/01/2022 08h00, última modificação: 14/02/2022 11h22
download.jpg

tags: netflix , amazon prime , melhores filmes , lista

por Gi Ismael*

Oi! Tudo bom? Há quanto tempo!

A última vez que apareci por aqui, neste espaço opinativo, foi em novembro, quando escrevi sobre o novo disco de Adele. Apesar das semanas desativadas, vocês devem ter notado que a ‘Gi com Tônica’ virou momentaneamente ‘Gi Ismael’ e assumiu o lugar de repórter deste caderno, ao lado dos amigos Joel Cavalcanti e Audaci Júnior. Pois bem, missão cumprida!, voltamos à nossa programação principal.

O relógio marcou meia-noite e eu passei a régua na lista dos filmes inéditos que assisti em 2021. Já acabaram as temporadas de premiações? Foram 69 produções das mais diversas e eu gostaria de falar hoje sobre quais se destacaram nesta listinha totalmente pessoal. Vem aí o troféu ‘taça de gin’!

Por coincidência, a lista começou com um filme da Pixar (‘Soul’) e terminou com outro (‘Lucca’), então vou puxar esse gancho para a nossa primeira categoria: Melhor Animação. A disputa ficou acirrada entre ‘Soul’ e ‘A Caminho da Lua’, dois filmes lançados em 2020 e que disputaram o Oscar no ano seguinte. ‘Soul’ tem um apelo muito forte ao público adulto, tanto em sua estética de escolha para o plano “real”, com uma Nova York de cores outonais e embalada pelo jazz, quanto na temática que aborda sonhos, talento, a falácia da predestinação e nosso lugar no mundo. Não por menos, ele levou a estatueta de ouro. Mas me sinto até culpada em falar isso: apesar de toda a beleza e significados, Soul não me tocou tanto quanto a outras pessoas – e boa parte disso eu culpo na minha própria expectativa. Achei que seria um novo ‘Divertida Mente’ (2015) ou ‘Wall-E’ (2008) mas… não bateu da mesma forma. Por vezes achei raso, até bobinho quando se passava no plano do “além”. Bem, por outro lado, apesar de ‘A Caminho da Lua’, filme dirigido por Glen Keane, ter uma animação mais tradicional nos moldes de “escola Pixar”, sua belíssima história sobre perdas e ter que seguir em frente me tocou ainda mais. Dito tudo isto – e que rufem os tambores… Empate técnico! O quê? Meu prêmio, minhas regras.

O escolhido na categoria Melhor Documentário foi ‘Três Estranhos Idênticos’ (2018). O filme conta a história de trigêmeos estadunidenses, separados ainda quando bebês, que não sabiam da existência dos irmãos. Eles descobrem uns aos outros nos anos 1980, são capa de jornal, participam de entrevistas e tornam-se celebridades. Mas um contexto extremamente sombrio e absurdo se esconde por trás da separação da família. Esta é uma daquelas histórias verdadeiras surreais que nos faz pensar que tudo é possível. O documentário te prende do começo ao fim.

Escrevo bastante sobre filmes de terror por aqui e não poderia deixar de lado a categoria de melhor do gênero. O vencedor? ‘A Bruxa de Blair’ (1999). Não vou me estender muito porque fiz uma coluna todinha sobre ele em agosto do ano passado, mas, sim, só em 2021 eu assisti pela primeira vez o longa metragem que revolucionou o nicho do horror. Imagem e sons de qualidade duvidosa, diálogos improvisados, atores iniciantes e, mesmo assim, ‘A Bruxa de Blair’ é de deixar qualquer um apavorado. Entrou para a lista de melhores da vida.

Mas eu também sou uma romântica, vocês sabem. Por isso, Melhor Romance vai para outro clássico tardiamente visto: a trilogia do ‘Antes’, de Richard Linklater. A cada nove anos, um filme é lançado: 1995, 2004 e 2013. Apesar de terem me indicado esse filme ao longo dos anos, fico contente em tê-los assistido agora que beiro os 30 anos de idade. E vou querer assistir tudo de novo aos 40, 50, 60 e por aí vai. Isso porque a “trilogia do Antes” não é sobre uma única história de amor entre o estadunidense Jesse (Ethan Hawk) e a francesa Céline (Julie Delpy); as cidades de Viena, Paris e a região da Messênia enquanto personagens. Outro para a lista da vida.

Papo rápido: Melhor Comédia vai para Palm Springs (2020), Melhor Curta Metragem foi Dois Estranhos (2020) e Melhor Prazer Culposo foi De Repente 30 (2004). O Pior dos Piores? Colheita Maldita (1984).

Agora sim, ao Melhor do Ano. Tirando os clássicos que citei, filmes já consolidados entre a crítica há décadas, duas novas produções explodiram minha cabeça em 2021. A primeira foi o drama ‘Som do Silêncio’ (2019), de Darius Marder, um sentimental retrato de um músico que perde a audição, o grande sentido de sua vida (trocadilho intencional). Sabe aquilo que disse sobre ‘Soul’? ‘Som do Silêncio’ percorre uma temática muito similar. O filme é denso, tocante, cru, real. Indico sem pestanejar. O empate fica entre ele e ‘Inside: Bo Burnham’, um musical feito pelo comediante americano durante o isolamento social. Mas não espere um clima leve para o filme. Bo Burnham é conhecido pelo viés mais tragicômico em seus números de standup/musicais e este especial da Netflix, particularmente, foi feito em um dos momentos mais depressivos da vida do artista. O longa é impecável em sua produção musical, edição, filmagem, letras… E o mais impressionante é que foi feito por uma homem só. Por todas suas temáticas, contexto histórico e execução técnica, ele divide o prêmio fácil fácil com o filme da Amazon. 

E foi isto! O ano virou e já entraram para a lista de 2022 as três partes de ‘The Beatles: Get Back’, deixando a competição extremamente desleal para os próximos que vierem. 

**

Muito obrigada por estarem por aqui em mais um novo ciclo! “Vamo simbora” que os próximos filmes, séries, músicas, jogos e livros não vão se comentar sozinhos. Até semana que vem!

*Coluna publicada originalmente em versão reduzida na edição impressa de 4 de janeiro de 2022.