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#143 Após 30 anos, ‘Aladdin’ continua sendo um excelente filme de aventura

publicado: 17/08/2022 00h00, última modificação: 17/08/2022 09h54
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‘Aladdin’ foi um momento marcante na filmografia da Disney - Foto: Imagem: Divulgação/ Walt Disney Pictures

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por Gi Ismael*

A noite da Arábia/ E o dia também/ É sempre tão quente/ Que faz com que a gente/ Se sinta tão bem…”! Você acredita que há 30 anos, a memorável animação ‘Aladdin’, da Walt Disney Pictures, era lançada? Exibida pela primeira vez nos cinemas americanos em 25 de novembro de 1992, só depois de seis meses o longa chegou no Brasil, devidamente traduzido e dublado. Um tempinho depois, as fitas de VHS já ocupavam milhões de lares brasileiros. Lá em casa, era quase um ritual diário assistir a trilogia ‘Aladdin’ (como esquecer as fitas verdes?). 

A animação veio na chamada "Renascença" da Disney, que começou com ‘A Pequena Sereia’ em 1989 e se estendeu até ‘Tarzan’ e ‘Fantasia 2000’, em 1999. Mas de todas as fases que os estúdios passaram, ‘Aladdin’ continua sendo, sem dúvidas, uma das melhores histórias de aventura do cinema. 

Isso acontece porque o longa vem em doses certas. Desde as partes mais energizantes do filme, como a sequência da canção “Correr para Viver” e “Nunca Teve Um Amigo Assim”, até os momentos melancólicos de “Um Mundo Ideal” e “A Noite da Arábia”, vemos uma dinâmica de storytelling caprichada, com picos e vales que tornam a história envolvente. Bem, como tudo na Disney, Aladdin não é uma história original do estúdio e baseou-se em obras como ‘O Ladrão de Bagdá’ (1940) e um conto clássico árabe/persa que aparece em ‘As Mil e Uma Noites’. Tudo isso ganhou uma faceta moderna com o roteiro e direção de Ron Clements e John Musker, que juntos trabalharam em filmes como ‘A Pequena Sereia’ (1989) e ‘Hércules’ (1997).

‘Aladdin’ foi um momento marcante na filmografia da Disney principalmente por essa pincelada de modernidade. O filme conta com muitas referências à cultura pop, algo novo para os filmes até então bastante engessados da Disney. Confiante, o personagem de Aladdin, por exemplo, teve seus movimentos e posturas inspirados em Michael J. Fox na trilogia ‘De volta para o futuro’ e Tom Cruise em ‘Top Gun’ – ou seja, o cara confiante, descolado. Com o papel perfeito do Gênio, Robin Williams improvisou na dublagem e levou referências a outras animações e a personalidades como De Niro, Jack Nicholson e Arnold Schwarzenegger. Inclusive, não acho que o filme teria estourado tanto nos Estados Unidos se não fosse a presença do gênio (trocadilho proposital) Robin Williams. Para quem é fã do filme, é imperdível assistir no idioma original para pescar todas as nuances do ator no personagem.

Aqui no Brasil, não tinha Williams, mas tinha uma equipe incrível por trás das cortinas. Telmo de Avelar, o mestre por trás de todas as grandes traduções da Disney no Brasil, traduziu o filme e dirigiu a equipe de dublagem. A direção musical é de Marcelo Coutinho. No elenco de dublagem, estão Marcus Jardym e Joseph Carrasso Jr. (Aladdin), Silvia Goiabeira e Kika Tristão (Jasmine), Jorgeh Ramos (Jafar) e Márcio Simões (Gênio).

Um breve momento problematizador pertinente: apesar de amar o filme, é importante frisar que algumas representações são bastante problemáticas. Apesar de Agrabah ser uma locação inventada, é claro que é situada na península Arábica. A animação traz Jasmine e Aladdin, os mocinhos e protagonistas da história, com os traços mais europeus que o dos outros personagens, além do tom de pele mais claro e sotaques anglo-saxões na versão americana. O elenco, então, é 99% branco. Demorou, mas a indústria foi se aprumando e o quadro foi bastante diferente no remake morno lançado em 2019, sob direção de Guy Ritchie. 

Com música de Howard Ashman e Alan Menken, o filme garantiu o Oscar de Melhor trilha sonora, um Grammy e dois Globos de Ouro por “A Whole New World” (“Um mundo ideal”). Alan Menken foi compositor da Disney nesta segunda era de ouro, trabalhando desde ‘A Pequena Sereia’ (1989) até ‘Enrolados’ (2010), vencendo oito Oscars ao longo de sua carreira e 19 indicações. Não é por menos que 'Aladdin' seja um clássico que percorreu todas os cantos possíveis, dos videogames aos palcos dos teatros.

Sempre que um filme preferido vira uma década, eu corro para assistir novamente. Hoje, no auge dos meus 30 anos, troco a fita VHS pelo painel da Disney+, ansiosa pelo conforto nostálgico que os filmes da Disney passam como ninguém. 

*Coluna publicada originalmente na edição impressa de 17 de agosto de 2022.