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#179 ‘Choque Cultura’, o melhor programa para os amantes da Sétima Arte

publicado: 24/05/2023 15h05, última modificação: 24/05/2023 15h45
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Da esq. para dir.: Raul Chequer, Leandro Ramos, Daniel Furlan e Caito Mainier - Foto: David Benincá/Divulgação

tags: Choque de cultura , Gi Ismael

por Gi Ismael*

Achou que eu não ia falar sobre Choque de Cultura nessa coluna? Achou errado, otário! Calma, não é uma ofensa pessoal, é só um jargão do maravilhoso programa da TV Quase e do Canal Brasil que acaba de chegar à sua nova temporada.

Desde 2016 no ar, Choque de Cultura é um programa de humor e cinema com os maiores nomes do transporte alternativo: Rogerinho do Ingá (Caíto Mainier), Renan de Almeida (Daniel Furlan), Maurílio dos Anjos (Raul Chequer) e Julinho da Van (Leandro Ramos). Nossos “Beatles do transporte alternativo” são, também, os roteiristas do programa. Todos já haviam trabalhado juntos, no Canal Brasil, com o Larica Total, e se você sente que existe um quê de Irmão do Jorel no Choque, não é por menos: Daniel Furlan é roteirista, dublador e um dos criadores do desenho animado.

O programa nasceu no YouTube, mas foi na televisão que um personagem teve suas primeiras aparições. Daniel Furlan era roteirista e apresentador nos derradeiros anos da MTV Brasil quando era em canal aberto e, nessa época, o personagem Rogerinho do Ingá apareceu pela primeira vez na emissora. Muito provavelmente por isso, Choque de Cultura agrada principalmente o público das gerações X e millenials, porque tem na essência o humor “nonsense” da MTV brasileira, como Hermes e Renato e Furo MTV.

A produção consiste em análises cômicas de filmes, novelas e séries, dos mais cults aos mais populares. Entre muitas metáforas com o mundo automobilístico apaixonado pela franquia Velozes e Furiosos, frases icônicas, palavrões e muito besteirol, Choque de Cultura vem com “pitadas surpresa” de críticas sociopolíticas – e, também por isso, fez muita gente estranhar a chegada do programa na Rede Globo, entre 2018 e 2019, em formato diferente. Em 2020, o programa sai da emissora e vai para o Canal Brasil, onde continua até hoje – enquanto estreia a segunda temporada na TV fechada, o Choque já vai à sua quinta na internet.

Mas o programa não é feito só de análises soltas; como dizem os amantes da Sétima Arte, ele tem storytelling, viu? E a quinta temporada veio com um prólogo, no qual Rogerinho acorda do coma causado por seus colegas e vai até o estúdio, onde os encontra na gravação do Programa do Bernardo (um personagem que aparece no podcast Ambiente de Música). Além dele, três novos episódios já estão disponíveis no YouTube: um sobre a franquia de filmes John Wick, outro sobre a filmografia de Leandro Hassum e um maravilhoso sobre Polícia Federal: A Lei É para Todos (2017) e Marighella (2019), no episódio intitulado “Filmes de Direita x Filmes de Esquerda” (é nesse capítulo que temos a fala do Julinho da Van: “já eu sempre achei que era a esquerda que era a favor do aborto. Depois que eu vi esses relatos dos militares torturando grávida, já fiquei em dúvida”. Tá vendo? Com essas pinceladas de acidez, o Choque dá umas rasteiras que ninguém espera.

A nova temporada ainda trará episódios semanais sobre O Auto da Compadecida (2000), Barbie (2023) e Os Cavaleiros do Zodíaco – Saint Seiya: O Começo (2023). Ah, e vai ter global como convidado especial para falar de novelas: “Murilo Benício como Murilo Benício”. Agora se procura essa mesma pegada de humor, na TV Quase você encontra outras produções legais como os spin-offs: Ambiente de Música (podcast hilário também disponível nas principais plataformas de streaming) e o Drops de Cultura, além do programa esportivo Falha de Cobertura, para quem tem saudades do Rockgol.

*Coluna publicada originalmente na edição impressa de 24 de maio de 2023.