Notícias

Opinião

#181 ‘Através do AranhaVerso’ não brinca em serviço

publicado: 07/06/2023 11h00, última modificação: 07/06/2023 11h00
Homem-Aranha Através do Aranhaverso.png

Gwen-Aranha (E) e Miles Morales (D): novas incursões em universos paralelos - Imagem: Sony Pictures/Divulgação

tags: Miles Morales , aranhaverso , homem-aranha , Gi com Tônica

Com um dos prólogos mais deslumbrantes da história das animações, Homem-Aranha: Através do AranhaVerso é um experiência que merece ser assistida – algumas vezes – no cinema. Miles Morales retorna para as telonas sob nova direção cinco anos (ou quatro, no Brasil) após a estreia de Homem-Aranha: No AranhaVerso, vencedor do Oscar de Melhor Filme de Animação de 2019. Joaquim dos Santos, Kemp Powers e Justin K. Thompson assumem o comando do filme, que mergulha mais uma vez na temática do multiverso e viagens dimensionais do MCU.

A história segue a cronologia do primeiro longa, quando Miles recebe a missão de destruir o Rei do Crime e conta com a ajuda de homens (e mulheres)-aranhas de outros universos para derrotar o vilão e fechar os portais que conectam as diferentes linhas-narrativas, impedindo, assim, paradoxos destrutivos. Vou me manter, aqui, em uma análise do filme, portanto te recomendo ler a sinopse se quer saber mais sobre a trama.

Homem-Aranha: Através do AranhaVerso segue a teia de um filme grandioso em vários aspectos. A produção da Sony Pictures bate dois recordes: é o filme de animação com a maior equipe da história (cerca de mil pessoas envolvidas) e é, também, o filme animado americano de maior duração (são 140 minutos). É nesta hora que vem minha única ressalva em relação ao longa: são muitos estímulos visuais, informações e referências no filme e, vez ou outra, isso torna a experiência cansativa. Felizmente, esse detalhe fica para segundo plano quando tudo mais no filme funciona maravilhosamente bem.

Adendo rápido: o filme dublado em português é perfeito, mas fiquei com vontade de assistir em sua língua original só para ouvir Daniel Kaluuya como o Spider-Punk. Ah, esse é um ponto que este filme acertou tanto quanto o primeiro: o divertido passeio por uma infinidade de um dos mais queridos super-heróis de Stan Lee (são mais de 200 presentes no roteiro).

Esteticamente, Através do AranhaVerso conseguiu superar o filme anterior e, por cada uma de suas seis ou sete viagens por realidades paralelas, trouxe requinte e continuou elevando o nível para todos os filmes animados que vierem a partir dele. São rabiscos, cores, texturas e estilos variados que dialogam com a experiência de ler, de fato, uma história em quadrinhos. Muito além da estética, o filme é muito sensível em abordar conflitos e questões familiares e, de maneira ácida e sarcástica, a vida de uma família negra e porto-riquenha na periferia da maior cidade dos EUA. Miles é a mistura do ego adolescente com o ego do super herói e, ainda assim, é um personagem divertido de acompanhar na tela. Ou seja, é uma história interessante contada de uma forma linda – o longa metragem, totalmente mergulhado em recursos tecnológicos e computadores para ser executado, me fez querer voltar às páginas dos gibis.

Muita coisa acontece no longa e é louvável que o roteiro se mantenha forte em cada um de seus ramos. O argumento para o dilema enfrentado por Miles Morales é forte, a evolução do Mancha para uma figura poderosa é convincente e cada um de seus personagens do arco principal têm personalidade própria, ainda que impersonando o mesmo super herói. De fato, é informação demais e, com quase 2h30 de filme, a história não acaba no final, parando abruptamente no meio da ação.

Pois é, teremos que esperar mais um pouco. Não sei se fico feliz com a chegada do desfecho ou triste com o fim da melhor trilogia da Marvel. Mas, faça como eu, escolha já seu aracnídeo preferido porque Homem-Aranha: Além do Aranhaverso fecha a trilogia e chega em março de 2024 nos cinemas.

*Coluna publicada originalmente na edição impressa de 7 de junho de 2023.