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#196 Enquanto houver arte

publicado: 18/10/2023 11h29, última modificação: 18/10/2023 11h29
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Ator, diretor e roteirista Paulo Gustavo (1978-2021), que dá nome à lei - Foto: Fernando Souza/Estadão Conteúdo

tags: Lei Paulo Gustavo , Economia criativa , Cultura

por Gi Ismael*

Nas últimas semanas, milhares de pessoas ligadas à economia criativa estão aceleradas, correndo contra o tempo e os benditos prazos. É mensagem para cá, orçamento pra lá, carta de anuência, revisões e muito – muito – texto. A Lei Paulo Gustavo chegou com força na Paraíba e vemos gente por todos os lados se agarrando na oportunidade de trabalhar na economia criativa, seja na continuidade de um projeto ou no pontapé de um novo.

Tem sido bonito ver mais uma vez, na prática, como a arte, a cultura e o entretenimento são força propulsora de uma corrente grande de pessoas qualificadas. Além da profissionalização de artistas, que passam a se preocupar em montar portfólio e resolver pendências burocráticas, tenho visto colegas jornalistas sendo chamados para integrar a comunicação de projetos, assim como designers, videomakers, atores, equipe técnica, ilustradores, cantores, intérpretes de Libras, equipe de limpeza e por aí vai. E multiplicamos isso por cada município da Paraíba, do Nordeste, do Brasil. É um movimento gigantesco de profissionais e ideias. Já pensou a quantidade de histórias que estavam esperando para serem contadas?

As inscrições para os editais mal terminaram e já estamos vislumbrando novamente o impacto desse movimento. A economia criativa é gigante e tem um retorno significativo para a sociedade: segundo uma pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FGV), que estudou a repercussão da Lei de Incentivo à Cultura ao longo de 25 anos e concluiu que há um acréscimo de 69% na economia a cada R$ 1 investido no ramo.

Entre muitos outros motivos, o período entre 2018 e 2022 foi cruel para a economia brasileira quando o então governo de Jair Bolsonaro fechou os olhos para os investimentos em arte e cultura, subjugando seus impactos sociais e financeiros por todo o país. Ficamos atrasados, defasados e, como se isso não bastasse, uma pandemia nos atingiu e uma péssima gestão federal piorou a situação no Brasil, matando centenas de milhares vidas que poderiam ter sido salvas – entre elas, a do artista que dá nome à lei de retomada das atividades culturais.

A volta do Ministério da Cultura em 2023 veio com esse respiro por todo o país e ainda que em muitos lugares não seja o investimento ideal ou possível de se trabalhar de forma bem-feita (em alguns estados, como São Paulo, os editais trazem burocracias que dificultam a inscrição de novos agentes da cultura, criando um nicho difícil de ser quebrado), a esperança é que os projetos ganhem mais força e investimento no próximo ano, justamente quando veremos efetivamente os impactos positivos em nosso cotidiano.

*Coluna publicada originalmente na edição impressa de 18 de outubro de 2023.