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#80 2001, uma odisseia pelo sonzaço

publicado: 24/02/2021 00h00, última modificação: 24/02/2021 16h03
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tags: 2001 , música , rock , gi ismael , gi com tônica


Os relógios viravam e o antecipado bug do milênio "flopou". Apesar da constante revolução digital, a mídia física continuava a todo vapor. Passeios por lojas de CDs ou livrarias híbridas eram o ponto alto de qualquer rolê da juventude anos 2000. Em 2001 e 2003, respectivamente, a Sony lançava o Sony Discman D121 e o D-E200, modelos que acompanharam por mais alguns anos a geração pós-fita cassete, antes de serem aposentados para dar lugar aos MP3 players. Baixar músicas nessa época era uma baita de uma função e, como toda boa caçula, eu saía de fininho pela casa, catando CDs dos meus pais e dos meus irmãos para ouvi-los onde podia, me aventurando, então, pelo eclético microuniverso que juntava os mais diversos gêneros do rock lá em casa (alternando com um Sandy & Junior e Backstreet Boys, a quem quero enganar?). Poucos anos depois, minha própria discografia começava. Dos dez reais por semana para o lanche na escola, 5 iam pro meu bolso e no final do mês dava pra comprar um ou dois CDs. Lembro dos dois primeiros chegados: o Elephant (2003), do The White Stripes, e o The Bends (1995), do Radiohead. 

Levada por essa onda nostálgica, fui ouvir o Is This It (2001), icônico álbum debutante dos Strokes, um dos meus favoritos de todos os tempos. Ainda nos primeiros riffs da música-título, lembrei que, agora em 2021, o álbum completa vinte anos desde seu lançamento. Duas décadas! Pesquisando por mais algumas estreias no mesmo ano, é indiscutível a constatação de que o ano de 2001 foi um dos mais importantes e influenciáveis para o rock nacional e internacional.

O ano de 2001 foi concidentemente responsável por dar à luz muitos discos consagrados pela crítica e público, eu inclusa: 'Toxicity', de System of a Down; 'Room for Squares', de John Mayer; Amnesiac, do Radiohead; White Blood Cells, de The White Stripes; Vespertine, de Björk; Bloco do Eu Sozinho, dos Los Hermanos; e ainda o disco homônimo do Gorillaz. Outros igualmente representativos para o pop/rock também foram lançados neste ano, como o Discovery, do agora findado Daft Punk (R.I.P.), Invisible Band, de Travis; Iowa, de Slipknot, e o clássico álbum verde do Weezer. Sério, minha vontade é de beijar 2001 na boca! 

No Brasil, 2001 veio com toda força também. A MTV vivia seu auge e o rock nacional uma nova fase. Chegavam às prateleiras  e paradas musicais o álbum homônimo da CPM 22, o Acústico MTV Cássia Eller, Titãs flertava cada vez mais com o pop rock com o Melhor Banda de Todos os Tempos da Última Semana e O Rappa ganhava um eclético público graças ao disco Instinto Coletivo.

Não sou daquelas que acha que em algum momento o rock esteve fadado à morte, mas sinto que a passagem dos anos 1990 para os 2000 estava meio fim de festa e 2001 veio com, sei lá, um 'Fell in Love With a Girl' para animar a festa. 

Ai, ai, mal posso esperar para me sentir velha revisitando, em 2026, os discos que estarão celebrando seus 20 aninhos. 

Minha memória afetiva pela primeira metade da década 00' vem carregada de lembranças incríveis da transição da minha puberdade para a adolescência. Hoje percebo que um elo em comum entre, praticamente, todas essas lembranças, é a música. Se deus estava namorando na beira do mar quando me desenhou, não posso afirmar, mas acredito que qualquer que tenha sido a entidade responsável por mim tinha lá no discman a playlist de futuros sucessos do ano 2001 nas alturas. 

*Coluna publicada originalmente na edição impressa de 24 de fevereiro de 2021.