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#38 ‘I Am Not OK With This’ alia superpoderes à puberdade

publicado: 04/03/2020 10h10, última modificação: 03/11/2020 11h25
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Série da Netflix é repleta de referências a filmes de John Hughes e obras de Stephen King

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Adolescentes envolvidos em tramas que misturam a puberdade e uma boa dose de ficção científica: a Netflix pariu uma nova série que tem todos os ingredientes que deram certo atualmente e, não, não é um spin-off de
Stranger Things. A mais nova aposta para os órfãos precoces de tramas teens não-convencionais é I Am Not OK With This, lançada no último dia 26.

A série é uma adaptação assinada por Jonathan Entwistle do quadrinho homônimo de Charles Forsman, norte-americano autor ainda da HQ The End Of the F***ing World, também adaptada por Jonathan Entwistle e um sucesso de público na plataforma de streaming. Repleta de recém-clichês, fórmulas que deram certo em filmes independentes e agora são usadas em larga escala, I Am Not OK With This conta a história de Sydney (Sophia Lillis, a jovem Beverly Marsh em It: A Coisa) uma adolescente que passa por diversas mudanças na vida após o pai cometer suicídio. Entre uma espinha ou outra, ela descobre superpoderes desencadeados por ataques de raiva e passa a tentar conviver com a novidade avassaladora. As referências a filmes coming-of-age dos anos 1970 e 1980 (Carrie, Atração Mortal) e personagens esquisitinhos, deslocados e descolados tem aos montes.

Como li num comentário no TV Time, é como se o game Life Is Strange e as séries Stranger Things e TEOTFW tivessem um bebê. E é difícil errar a mão com referências que deram tão certo entre públicos diversos (os saudosos das mídias físicas e os que não entendem como as coisas funcionam sem ser no digital), tanto que a série já está no Top 6 de hoje no Brasil divulgado pela Netflix. Não que o programa seja perfeito, longe disso. O roteiro é previsível, assim como a construção dos personagens e escolhas de direção e direção de arte (por vezes, o posicionamento e uso de alguns objetos como o intuito de provocar nostalgia parece bem forçado). Mas I Am Not OK With This ganha pontos por ter um elenco talentoso e um ritmo gostoso de acompanhar. Os efeitos especiais são brilhantes e todas as amostras de poder da garota parecem verdadeiras.

Já escrevi aqui em outra coluna sobre o quanto gosto de filmes coming-of-age, então fui assistir a série de peito aberto. Ela é divertida e conseguiu prender bem minha atenção, apesar de ter desvendado boa parte do que aconteceria antes da metade da temporada. Ah, e preciso dizer que foi confuso ver Sophia Lillis e Wyatt Oleff juntos na telinha. É que, assim como Sophia, Wyatt também fez parte do elenco de It: A Coisa e no terror baseado na obra de Stephen King ele deu vida ao papel de Stan. Para aumentar a confusão, o personagem dele na série da Netflix chama-se Stanley, carinhosamente chamado de Stan pelos amigos.

Os episódios são curtos, assim como a primeira temporada: são apenas sete capítulos com cerca de 20 minutos cada. Ao meu ver, a frequência de produções canceladas pela plataforma é tão grande que é mais seguro investir dinheiro em alguns pilotos de uma só série, observando o que funcionou ou não, sem gastar tanto orçamento quanto seria fazer episódios maiores e mais numerosos. Deu certo! A série conseguiu construir bem cada episódio e entregar uma produção divertida com um final explosivo, criando expectativa para uma próxima temporada até mesmo para essa jornalista que vos fala que decidiu dar uma nota de 7/10 para a série.


*coluna publicada originalmente na edição impressa de 04 de março de 2020.