Notícias

#136 Beyoncé nos leva às pistas de dança dos anos 1990

publicado: 22/06/2022 08h00, última modificação: 23/06/2022 09h38
beyonce-break-my-soul-single-capa.jpeg

Beyoncé lança ‘Break My Soul’, primeiro ‘single’ do álbum 'Renaissance' - Foto: Reprodução/Instagram

tags: beyoncé , break my soul

por Gi Ismael*

Que sejam bem-vindos de volta os teclados e as batidas da house music da década de 1990, pois Beyoncé acaba de ditar mais uma tendência da indústria fonográfica.

Na madrugada desta última terça-feira (21), a sumidade do pop lançou o single ‘Break My Soul’, faixa que entrará no mais novo disco da Queen B, Act I | Renaissance, anunciado para o dia 29 de julho. Sendo quem é, Beyoncé não precisou fazer grandes alardes para que o mundo inteiro ficasse atento na nova música: apenas alterou a “bio” em seu Instagram com uma frase semi-engimática algumas horas antes e estava criado o bafafá.

Este trabalho da cantora é feito em parceria com The-Dream e Tricky (que não é aquele do trip-hop) Stewart. A dupla foi responsável por produzir alguns dos maiores sucessos do pop anos 2000, como ‘Umbrella’ de Rihanna, ‘Touch My Body’ e ‘Obssesed’ de Mariah Carey e a estrondosa ‘Single Ladies (Put a Ring on It)’, de Beyoncé. Com uma carreira de fato mais focada na virada do milênio, este parece um retorno triunfal dos produtores.

O single é uma viagem no tempo para quem viveu o auge da música eletrônica nos anos 1990, lembrando hits de Cece Peniston e Daft Punk bem no começo da carreira, com ‘Around The World’. Beyoncé acerta no timing quando vai para um lado diferente dessa febre nostálgica dos anos MTV e revista Capricho. Enquanto a geração Z usa roupas e cabelos da época que não viveram, os millenials vêem seus ídolos da moda e da música voltando a ser assunto, especialmente os “brancos alternativos” do grunge e pop rock. Por outro lado, vimos recentemente a indústria pop apostando nas influências da black music da década de 1970, com o funk sendo explorado nas canções de artistas como Bruno Mars, Lizzo e Dua Lipa. Beyoncé chega nessa história, assim, de surpresa, com a música das pistas de dança – só que dos anos 1990.

De surpresa porque a última vez que nos presenteou com um disco de inéditas foi em 2019, quando The Lion King: The Gift foi lançado como álbum visual pela Disney+. No mesmo ano, ela lançou o impecável show ao vivo e documentário Homecoming: The Live Album, na Netflix. Nesse tempo ela não ficou no ócio, óbvio: vieram singles como ‘Be Alive’, indicado ao Oscar de Melhor Canção Original do filme King Richard: Criando Campeãs, além de ‘Black Parade’ e um feat com Megan Thee Stalion (‘Savage Remix’).

Ainda tenho minhas dúvidas se Act I | Renaissance será completamente nessa vibe house music. Tenho uma sensação de que a artista vá explorar a black music das pistas de dança como um todo, trazendo influências de Chaka Khan e Whitney Houston principalmente. Há muito o que se desbravar nesse campo e vem aí, de fato, mais um grande material de Beyoncé: além das 16 faixas do álbum, o título Act I já deixa a entender que trata-se de um disco duplo. Somado a isso, vem o fato de que em 2019 Bey fechou um contrato de três produções audiovisuais com a Netflix pela bagatela de 60 milhões de dólares e, como sabemos, apenas uma (‘Homecoming’) foi lançada até agora.

Reinassance já está sendo chamado de “o que pode ser seu projeto mais ambicioso até hoje”. Seja qual for o rumo escolhido, a realeza do pop já deixa claro com a sessão de fotos para a Vogue acompanhadas da manchete “Beyoncé está pronta para sua próxima evolução” que, obviamente, coisa pouca não vem por aí. E as minhas expectativas já estão do tamanho da opulência de Beyoncé.

*Coluna publicada originalmente na edição impressa de 22 de junho de 2022.