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#9 Não é apenas um besteirol americano

publicado: 26/06/2019 07h00, última modificação: 03/11/2020 11h26
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- Foto: Foto: Reprodução

tags: coming of age , CINEMA , filmes , gi ismael , gi com tônica

 

Sabe quando você percebe que tem assistido muitos documentários, filmes, séries que são pesados demais? Daqueles que deixam a gente sem esperança na humanidade? Então, é justamente nessa hora que eu procuro as produções coming of age para espairecer. São aqueles filmes sobre amadurecimento na pré-adolescência/adolescência, sobre mudanças de fases da vida quando ainda não foi atingida a idade adulta. Eles apresentam roteiros que falam de romances platônicos e normalmente inalcançáveis, mostram conversas de mais nas salas de aula e de menos na sala de casa, falam sobre traumas e dos sonhos -- além de eventuais tapas de realidade. 

Vários tratam sobre a vida na escola numa perspectiva da classe média ou baixa. Pensou em Malhação? Não tem problema, ela faz parte do estilo, assim como alguns “besteiróis americanos” e os clássicos dos anos 1980 de John Hughes. Mas sabe quais outros filmes entram na categoria coming of age? Boyhood (2014), Moonlight (2016), Sociedade dos Poetas Mortos (1989), Quase Famosos (2000), O Ano em Que Meus Pais Saíram de Férias (2006), Conta Comigo (1986). Percebe os diferentes contextos? O que liga todos esses filmes é que existe uma fase em comum na vida de seus personagens, o amadurecimento natural ou a partir de um evento específico, ou ainda uma descoberta sobre si. Todos pegam o clichê e o retorcem, criam uma nova perspectiva para algo que é comum entre nós (no mundo ideal, onde conseguimos viver até virarmos velhinhos).

Isso fisga crianças ansiosas por respostas. Adolescentes carentes de compreensão, adultos nostálgicos que mal sabem que o amadurecimento não para.

Ser jovem deveria ser unânime. A ordem não encontraria um caos: seríamos bebês, crianças, adolescentes, adultos, idosos, bem idosos mesmo e eventualmente defuntos. Um privilégio, dependendo da perspectiva.   

Eu falei em filme pra espairecer e olha como a conversa ficou obscura e com filmes pesados na lista! Vou me redimir nesses últimos parágrafos com uma indicação. Assisti esses dias a um do gênero que me fez rir como há tempos não ria. Foi o 'Fora de Série', que estreou no último dia 13 e marcou o debut de Olivia Wilde como diretora. O longa conta a história de duas melhores amigas, as duas CDFs da escola. Elas se deparam com o último dia de aula antes de graduar no ensino médio e, confiantes de que são as alunas com o melhor futuro reservado, ficam sabendo que os colegas que iam para festas e noitadas também se deram super bem no fim das contas. Isso desestrutura qualquer jovem no auge de sua autoconfiança e invencibilidade. Elas resolvem festejar tudo aquilo que perderam quando se enfiaram nos livros. 

O filme é divertidíssimo e apresenta uma abordagem a um universo adolescente feminino de garotas estudiosas, mas que não acaba sendo uma mistura de 'Meninas Malvadas' com 'A Vingança dos Nerds'. Digamos que é um 'Super Bad' com quê de 'Ghost World'. Pronto, indiquei aqui mais quatro, todos divertidos. Faça a pipoca (se dispa do politicamente correto) e seja feliz.


*publicado originalmente na edição impressa de 26 de junho de 2019