Phoebe Waller-Bridge, 35 anos, é uma escritora e atriz londrina que atua na dramaturgia e na teledramaturgia, ou, como prefiro dizer, Phoebe Waller-Bridge é um anjo na Terra. Ela faz parte da nova cara da indústria do entretenimento multifuncional, onde talentosos jovens atrizes e atores, também escritores e diretores (Aziz Ansari, Donald Glover, Natasha Lyonne, Michaela Coel) conseguem levar seus trabalhos independentes para grandes produtoras. Já escrevi aqui um pouco sobre PWB quando fiz uma resenha da série Fleabag, estrelada e escrita pela inglesa. Mas se você ainda não se convenceu em conhecer o trabalho incrível dela, vim te dar outros três motivos: Killing Eve, Crashing e Fleagbag (o monólogo).
Por que assistir Crashing?
Antes de lançar a adaptação de Fleabag (2016 - 2019), Waller-Bridge lançou na TV inglesa a comédia Crashing (2016). A trama mostra seis jovens classe média-baixa (nos padrões ingleses) que se mudam para um hospital em desuso, pagando um aluguel bem baixo em troca de manter a segurança e obedecer regras pré-estabelecidas. Apenas quando muda-se para o local é que a protagonista Lulu (Phoebe W.B.) encontra com o amigo de infância Anthony (Damien Molony) e descobre que vão morar juntos. Eles não se viam há anos e começam a notar que a amizade começou a dar espaço para uma química diferente. O problema é que Anthony não foi morar sozinho no hospital: Kate (Louise Ford), a noiva dele, foi junto.
A série é curta e conta com boas doses de gargalhadas, momentos constrangedores e outros românticos que a autora faz tão bem. Infelizmente, é uma minissérie, então só existem seis capítulos, o que dá espaço para uma enorme curiosidade em saber o desenrolar da trama. Crashing é hilária e, melhor de tudo: tem na Netflix.
Por que assistir Killing Eve?
Killing Eve (2018 - ) é uma outra faceta de Waller-Bridge. Enquanto Crashing e Fleabag vão para o lado do drama/comédia romântica, esta última série da BBC America é do gênero criminal/investigativo (com pitadas de comédia e muita, muita elegância).
Sandra Oh, a protagonista da série, assume o papel de Eve Polastri, uma investigadora do MI6 (serviço secreto de inteligência britânico) que fica encarregada de caçar a assassina de aluguel Villanelle (Jodie Comer). Numa trama com assassinatos e reviravoltas, com momentos densos e pedaços de alívio cômico, é quase palpável o toque de Phoebe Waller-Bridge na criação da série.
Se você gosta de Sherlock e Elementary, esta é a pedida. A série está atualmente na terceira temporada e já carrega os maiores prêmios da indústria no currículo. Diferente das outras duas citadas, Killing Eve não é estrelada pela criadora e isso demonstra com claridade como a escrita dela possibilita inúmeras possibilidades de novos, diversos e intrigantes personagens.
Por que assistir a Fleabag, o monólogo?
Não muitas pessoas puderam conhecer a origem da estrondosa série Fleabag, isto porque o monólogo ficou em cartaz em apenas quatro teatros espalhados pela Inglaterra, Escócia e Estados Unidos entre os anos de 2013 e 2019. Mas, para a felicidade dos órfãos da série, o National Theater Live levou o monólogo aos cinemas e, bem, como estamos na era da Internet, não demorou até que os links começassem a aparecer.
Em uma hora e vinte de espetáculo, Waller-Bridge só precisa de um banquinho para te levar para o cotidiano de uma jovem de 30 e poucos anos que procura conforto em piadas fora de tempo e sexo excessivo. A peça é um grande desabafo da jovem e, apesar de ser basicamente o roteiro da primeira temporada resumido, a história é entregue de uma forma diferente. Vemos no palco uma contadora de histórias nata. Uma mulher que te fisga do começo ao fim com sua narrativa engraçada e verdadeira. Fleabag fala pelos cotovelos e fala com o corpo todo. Ver Phoebe na dinâmica do palco é conhecer uma faceta de quem se entrega com todos os músculos faciais para imitar personagens toscos e passar a mensagem através de mímicas.
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Pronto, defendi meu caso. Tanto Fleabag quanto Killing Eve entraram na lista do jornal Guardian dos 100 melhores programas televisos do século 21. Com uma escrita divertida e inusitada, Phoebe Waller-Bridge é sopro de frescor na criação de personagens mulheres e consegue, a cada produção, sair de sua própria bolha para explorar novos terrenos. Quer assistir algo novo? Então, por que não Phoebe Waller-Bridge?