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#152 Se gosta de terror, abra ‘O Gabinete de Curiosidades’

publicado: 02/11/2022 00h00, última modificação: 14/11/2022 10h17
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Nos moldes de ‘Além da Imaginação’, Del Toro apresenta cada episódio da série - Foto: Foto: Netflix/Divulgação

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por Gi Ismael*

As plataformas de streaming tentam constantemente entender o que é mais rentável para elas. Quais gêneros e formatos mantêm a audiência ligada por mais tempo. Enquanto a Netflix se aventurou por jogos interativos, muitas produções de crimes reais e “doramas” (séries sul-coreanas) na tentativa de manter um amplo público em sua plataforma, a Prime Video viu que, com um catálogo mais reduzido, com documentários e séries exclusivas de qualidade, menos é mais. Em todo esse balaio, foi possível observar uma popularidade crescente no formato de séries antológicas, uma tendência desde 2011 com a chegada de American Horror Story, de Ryan Murphy, onde cada temporada traz uma história diferente, com temáticas e personagens distintos.

Esta não é a regra, mas minisséries e séries antológicas parecem ser uma aposta certeira. Seja pelo imediatismo das informações, ansiedade de saber logo o final de uma história ou simplesmente pela nossa falta de tempo livre, produções como Modern Love (2019-), Black Mirror (2011-2019), Love, Death & Robots (2019-), Além da Imaginação com Jordan Peele (2019-2020) e A Maldição (2018-) têm um público cativo e sedento por novos episódios. E entrando para o time, acaba de estrear na Netflix O Gabinete de Curiosidades de Guillermo del Toro.

Com oito episódios, a série é apresentada nos moldes de Além da Imaginação, de Rod Serling, com Guillermo del Toro abrindo cada episódio, destacando a sinopse e o nome de quem dirigiu o capítulo. As histórias, todas de terror e/ou suspense, são baseadas em contos escolhidos pelo premiado cineasta mexicano, diretor de títulos como O Labirinto do Fauno (2006) e A Forma da Água (2017).

E, de todas as palavras que penso para definir O Gabinete de Curiosidades de Guillermo del Toro, surpreendentemente “diversidade” é a primeira que penso. Na produção, vemos a diversidade do terror, quando temos histórias publicadas nas décadas de 1920 e 1930 (H. P. Lovecraft e Lee Patters são dois destes autores), e outras publicadas por quadrinistas contemporâneas como Emilly Carroll. Diversidade também no comando dos episódios: entre os roteiristas e diretores, temos homens e mulheres de diferentes raças e nacionalidades, entre eles, Jennifer Kent, diretora de O Babadook (2014), e Vicenzo Natali, diretor de Cubo (1997).

Pequeno desvio no texto: assistir O Gabinete de Curiosidades de Guillermo del Toro me lembrou lá nos anos 1990, quando eu acompanhava ansiosamente Goosebumps, série veiculada durante três anos na TV fechada. Muito provavelmente, foi ali, com aqueles contos de R. L. Stine, onde começou a minha paixão pelo terror/suspense.

Os capítulos foram lançados de dois em dois, ao longo da semana do Dia das Bruxas e, entre os quatro primeiros episódios, se destaca o terceiro, intitulado A Autópsia. Ambientado numa atmosfera noir, um xerife (Glynn Turman) e um médico legista (F. Murray Abraham) investigam uma explosão que matou 10 mineradores em serviço. A história é intrigante, a direção empolga e as atuações são maravilhosas. A Autópsia traz ficção científica, horror e gore na medida certa: a que arrepia. Toda a série vale a pena, e se você ainda não se convenceu, comece por este capítulo.

“Eu recomendo fortemente que você abra o Gabinete de Curiosidades de Guillermo del Toro”, disse Stephen King em seu Twitter, classificando a série como “assustadora, sinistra e linda de se ver”. Com um crivo desses, você ainda está esperando o quê?

*Coluna publicada originalmente na edição impressa de 2 de novembro de 2022.