Já o conheci economista no quadro de qualidade da Companhia de Industrialização, trabalhando, um birô pegado com o meu, ele na sua assessoria, eu usando a primeira horinha do expediente para escavar a minha crônica diária. Foi numa fase, ajudada por Patrício, em que mais propagamos o esforço desenvolvimentista da Paraíba com seus incentivos vocacionais na busca de projetos industriais internos e externos. Juntos, ao lado de Marcelo de Figueiredo Lopes, Francisco Antônio e Ernani Mesquita, elaboramos cartas de apeloà indústria calçadista de Franca e do Rio Grande do Sul, destacando como opção a vocação histórica de Campina Grande. Viajamos juntos, a convite de Natal e de São Luiz, difundindo a experiência da Paraíba, estado do mesmo porte econômico, com o seu programa de galpões multifabris.
Presidente da Cinep, secretário de estado do Planejamento, Patrício Leal ascendia com esse handicap. E mais ainda com a sua nordestinidade. Nordestino de raiz na elite e no povo, no tom da fala, no caráter e na fidelidade aos deveres da família e da amizade.
Esse convívio na atividade funcional terminou abrindo as portas de nossas famílias. Querido dos meus filhos,de pequenos a crescidos, que se confundiam com ele sem a menor diferença de idade. No nosso álbum de família aparecemos abraçados. No lançamento do meu último livro, Belinha colheu-nos irmanados, longe de pressentirmos a crueza da última quarta-feira de cinzas.
Prestimoso, solidário, são adjetivos; ele era muito mais que isto. Dispensava cuidados com seu amigo um tanto desleixado: “Você é homem para ter um escritório adequado a seu trabalho, que exige concentração, silêncio. Em casa até o cheiro do café interfere”. Dei um tunco, seria despesa a mais. “Eu lhe ajudo, conte comigo”.
Quando meti na cabeça de ser vereador, foi ele o primeiro a chegar: “Já pensou onde vai se meter? Esse arraial não é seu”. Participou da mesa onde reuni meus cabos eleitorais, nenhum com militância política. Meus companheiros de batente, lisos como o candidato,e, como eu, céticos.
“Seus apoiadores são os que estão aqui?” – indagou na cabeça da mesa. Dei resposta de lagartixa.
- Nenhum político o apoia?!
- Não vou atrás – respondi.
- Então vai ser muito difícil, meu amigo. Uma coisa são seus leitores, outra, bem diferente, seus eleitores.
Dito e feito. Obtive um terço do necessário. E ele, depois do resultado: “Considere-se feliz com essa estatística dos seu amigos. 1080 amigos não se consegue facilmente. Afinal, são 20 ônibus lotados.”
Grande Patricinho!
*Coluna publicada originalmente na edição impressa de 18 de fevereiro de 2024.