Acertou de A a Z quem programou para a AABB a confraternização de Natal e Ano Novo entre funcionários deste jornal, depois de amanhã. Querem lugar mais adequado para comes e bebes (sobretudo, bebes) do que uma associação que tem BB na sigla? É sopa no “mé” ou não é? Para mim e, certamente, para muitos colegas de copo aqui da casa, a programação junta a fome com a vontade de beber. Ainda mais que, na parte que me toca, conheço a AABB de velhos carnavais. E botem velhos carnavais nisso!
Tudo bem que a agremiação de hoje não seja a mesma de tempos idos. Nem poderia ser. Entre os clubes de João Pessoa que antigamente promoviam bailes carnavalescos, somente o Cabo Branco teima em resistir à passagem dos anos e à transformação dos costumes na vida social da cidade. Assim mesmo a duras penas, procurando resgatar o prestígio da tradicional prévia Vermelho & Branco e também das matinés infantis, como temos visto nas recentes gestões de Tavinho Santos e seus colaboradores. É louvável o esforço da diretoria. A própria AABB ainda realiza matinais carnavalescas, porém sem o brilho das memoráveis jornadas dos anos 1950 e 60. Longe disso.
Só que “longe disso”, neste caso, não é apenas força de expressão. Antes de voltar ainda mais ao passado, cabe a ressalva de que, desde meados dos anos 1990 (não sei precisar a data, desculpem), as matinais carnavalescas da AABB vêm sendo promovidas na sede da Praia da Penha, onde haverá, neste sábado, a confraternização de “A União”. Essa sede, na verdade, era um balneário (chamava-se AABB Praia) que a associação destinava, a princípio, a funcionários do banco lotados em cidades do interior e que vinham gozar férias na capital. Tanto que mandou construir chalés para hospedá-los e a seus familiares. Terminou virando clube quando a sede central, aquela do inolvidável “Palácio de Vidro” da Avenida D. Pedro II, teve de ser desativada após entrar em colapso como centro de lazer da Família Banco do Brasil, uma pena!
Retornando aos anos dourados: como olvidar o “Palácio de Vidro”, se era ali que a juventude das décadas de 50 e 60 se iniciava nos apelos românticos, maldosamente ingênuos, do Carnaval? Ah, meu amigos, as matinais da AABB da Pedro II, quantas saudades me dão! Peço emprestado a Zé Keti o verso da imortal marcha-rancho: “Quantos risos, oh, quanta alegria!” Quantos namoros, acrescento eu, não começaram ali sob os acordes que anunciavam os frevos-canções de Capiba e Nelson Ferreira, eternizados na voz de Claudionor Germano! Acho que naqueles salões a minha geração apresentada à dor de cotovelo.
São lembranças que bailam na minha memória desde que a direção do jornal escolheu a AABB para a festa de confraternização deste ano. E olhem que também sou literalmente familiarizado com a AABB Praia: após constituir nova família, tive como sogro um funcionário aposentado do Banco do Brasil (o saudoso João Guimarães), frequentador assíduo do lugar. Ele e eu. Neste sábado, portanto, terei muitas razões para festejar a união do passado com o presente. E que Nossa Senhora da Penha tenha piedade de mim!