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Juntos contra a crise

publicado: 04/02/2016 03h00, última modificação: 03/02/2016 20h44
Editorial publicado na edição de 04.02.2016


Ainda que se diga que no Brasil o ano só começa pra valer depois do Carnaval, a classe política do país tem desde já em suas mãos um desafio ao qual, agindo com bom senso, não cabe recusar: o de superar divergências partidárias e somar forças para o enfrentamento de uma das piores crises econômicas que já se abateu sobre nós. Em Brasília, na terça-feira passada, o chamamento à união foi feito pela presidente Dilma Rousseff, na abertura dos trabalhos do Congresso Nacional. Na Paraíba, idêntica conclamação partiu do governador Ricardo Coutinho, que no mesmo dia foi à Assembleia Legislativa do Estado apresentar a Mensagem do Poder Executivo.

O apelo da presidente, dirigido a deputados e senadores, teve como principal enfoque a necessidade de o Congresso auxiliar o governo na retomada do crescimento do país. “Espero ao longo desse ano contar mais uma vez com a parceria do Congresso para fazer o Brasil alcançar patamares mais altos. [...] Preciso da contribuição do Congresso para dar sequência à estabilização fiscal e assegurar a retomada do crescimento. Esses objetivos não são contraditórios”, disse. “Neste ano legislativo, queremos construir mais uma vez com o Congresso uma agenda priorizando as medidas que vão permitir a transição para uma reforma fiscal”, acrescentou.

Aqui na Paraíba o governador Ricardo Coutinho apresentou aos deputados um substanciado resumo dos programas que pretende implantar no Estado, com destaque para o Mais Trabalho. Antes, porém, expôs sua avaliação sobre a crise que vivemos. “...Temos (os brasileiros) sido vítimas do mal que pode fazer a um país a insensatez do uso de um poder contra o outro. É uma postura fraticida. Autofágica. Imprudente. Coisa de escorpião que ferroa no meio da caminhada até aquele que o ajuda na travessia do rio”.

Os efeitos desta crise na Paraíba foram violentos na definição de Ricardo. Deixamos de receber nos últimos cinco anos cerca de 791 milhões de reais nos repasses do Fundo de Participação dos Estados. E neste ano de 2016 já começamos amargando uma perda preocupante. Todo o FPE de janeiro foi 37 milhões menor do que no mesmo período do ano passado. Isto posto, fica mais do que evidente que a hora é de união. A atual situação econômica que o Brasil enfrenta, com reflexos diretos sobre todos os estados, deve servir, na opinião do governador, como amálgama resistente união de todas as forças.

Reproduzindo suas próprias palavras: “Nunca se fez tão necessária uma conexão franca, transparente e amadurecida entre os entes constituintes deste Estado. E deste país. É o presente do nosso povo que está em jogo. E o futuro na nossa nação que está na mira”. Engana-se, entretanto, quem acha que o tempo é de pessimismo. Tanto a presidente Dilma, que fala em retomar o crescimento sem prejuízo das conquistas sociais, como o governador Ricardo, que se considera um perseguidor de sonhos sempre disposto a renovar as esperanças, deixam claro em seus discursos que não pode haver espaço para o abatimento. Afinal, desistir do Brasil, quem há de?