A sorte está lançada e há mais de uma semana: há oito dias foi encerrada a votação para o Oscar deste ano. Já está definido o destino de Ainda Estou Aqui no prêmio, se o filme brasileiro vai vencer alguma das categorias as quais concorre, e que todos sabemos quais são. Embora Fernanda Torres tenha pedido (“Não façam um clima de Copa do Mundo”), já era: estaremos torcendo no domingo, com muita ansiedade. Mas convém ter claro quais as nossas reais chances.
FILME INTERNACIONAL: Nessa categoria, que o Oscar rebatizou com esse nome meio bizarro e que é de verdade a de melhor filme de língua não inglesa, está nossa melhor chance. Ainda Estou Aqui começou sua campanha tarde, só entrou para valer em cartaz nos EUA em janeiro e ganhou nova vida na disputa após a premiação de Fernanda Torres no Globo de Ouro.
A partir daí, o filme entrou no radar de quem ainda não o tinha assistido. E a batalha passou a ser justamente fazer o filme ser visto para conquistar eleitores. Não apenas a produção brasileira tinha o que crescer, mas coincidiu com o inferno astral de Emilia Pérez, que era, no começo, o franco favorito na categoria.
A indicação de Ainda Estou Aqui também a melhor filme mostrou que a produção dirigida por Walter Salles tem um apoio consistente entre os membros da Academia e tirou do filme francês a vantagem que teria de ser o único do ano com indicações a filme e filme internacional.
O resultado é que publicações como a Variety já apontam Ainda Estou Aqui como frontrunner na categoria. Ou seja: como o favorito do ano. Vamos torcer para que estejam certos. A categoria, bem forte este ano, ainda conta com outros filmes aclamados: A Semente do Fruto Sagrado, A Garota da Agulha e a animação Flow.
ATRIZ: Da mesma maneira que o próprio filme, Fernanda Torres também só tinha o que crescer de janeiro para cá, enquanto suas concorrentes mais diretas aparentemente já tinham atingido seu patamar máximo. A Substância e Anora já estavam em cartaz nos EUA havia meses, então pode-se pensar que os votos para Demi Moore e Mikey Madison já estavam definidos.
A mudança viria de quem assistiria Ainda Estou Aqui e resolveria mudar seu voto para Fernanda Torres. Como o filme tem sido, com poucas exceções, aclamado por crítica e público, essa tendência têm acontecido, confirmada por alguns pouquíssimos eleitores que divulgaram seus votos.
Demi Moore continua favorita, mas se seus votos se dividirem com Mikey Madison e os votantes internacionais do Oscar fecharem com Fernanda... quem sabe?
FILME: Evidentemente Ainda Estou Aqui está longe de ser o favorito. Mas a disputa é totalmente imprevisível. Anora, O Brutalista e Conclave parecem disputar o prêmio. Mas a contagem nessa categoria é diferente. Aqui é o método preferencial e se Ainda Estou Aqui aparecer bem nas listas (em terceiro ou quarto lugar, por exemplo), não é completamente impossível que aconteça uma grande surpresa. Será?).
*Coluna originalmente na edição impressa do dia 26 de fevereiro de 2025.