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Vida e obra em quadrinhos

publicado: 13/08/2025 08h36, última modificação: 13/08/2025 08h36
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A combinação de fotos com desenhos alivia o volume grande de dados narrados | Foto: Divulgação/MSP Estudios

por Renato Félix*

O criador da Turma da Mônica completa 90 anos neste ano, no dia 27 de outubro, e as publicações alusivas à data já começaram. Por exemplo, a nova edição de Mauricio de Sousa — Biografia em Quadrinhos (Panini Comics, 328 páginas), atualizada e em capa dura.

Os lances da vida de Mauricio já vieram a público em diferentes publicações. Houve os dois volumes da série Navegando nas Letras — Crônicas (Editora Globo, 1999 e 2000), coletâneas de textos em que o quadrinhista contava muita coisa de sua infância, intimidade e trabalho.

Depois houve A Infância de Mauricio de Sousa (Editora Callis, 2005), de Audálio Dantas. Mauricio — Quadrinho a Quadrinho (Globo, 2006), de Sidney Gusman, concentrava-se nas HQs lidas por ele na infância e seus comentários sobre trabalhos então atuais de outros autores. 

Álbum original de 2007 volta atualizado e em capa dura | Fotos: Div./MSP Estudios

Mais tarde, 25 histórias foram recontadas em Memórias do Mauricio (Panini, 2016), cada uma quadrinizada por um artista diferente.  Mauricio — A História que Não Está no Gibi (Sextante, 2017) é uma autobiografia a partir de depoimentos ao jornalista Luís Colombini. Mas, dez anos antes, em 2007, saiu Mauricio de Sousa — Biografia em Quadrinhos, pela Panini, agora relançado.

A história infelizmente não estampa os autores, mas o expediente registra discretamente o roteiro de Flávio Teixeira de Jesus e os desenhos de José Aparecido Cavalcante. Para narrar a história de Mauricio de Sousa, a trama usa o artifício de uma homenagem em um teatro, onde a história vai sendo contada em ordem cronológica por alguns personagens enquanto outros assistem da plateia.

Entremeando os fatos históricos, o costumeiro humor nonsense do roteirista Flávio Teixeira de Jesus dá o toque de comédia para que a longa HQ não seja apenas o desenrolar de uma linha do tempo.

Mas mesmo essa linha do tempo é interessante de acompanhar, afinal trata-se da trajetória do maior artista de histórias de quadrinhos do Brasil, um ícone cultural por si só. A história conta desde o nascimento de Mauricio, “empelicado”, passa pelas dicas que recebia do pai (poeta e barbeiro), a paixão pelos gibis, a luta para conseguir trabalhar como desenhista, o  emprego como repórter policial na Folha da Tarde, o que abriu a porta para a publicação de sua primeira tira, em 1959, com Bidu e Franjinha.

Segue mostrando como surgiram seus principais personagens: a inspiração nos amigos do irmão para a criação de Cebolinha (1960) e Cascão (1961) e nas próprias filhas para Mônica (1963) e Magali (1964). Outros núcleos narrativos foram surgindo, como os de Chico Bento, Piteco, Astronauta, Penadinho, Jotalhão e Tina.

Também vieram o sucesso, o merchandising, o sistema de estúdio com outros roteiristas e desenhistas, de distribuição de tiras pelos jornais do país, os gibis (os principais: Mônica, a partir de 1970, Cebolinha, em 1973, Cascão e Chico Bento, em 1982, e Magali, em 1989). Os longas animados para o cinema, a partir de 1982, as mudanças de editora, os parques, as ações na internet, a Turma da Mônica Jovem (lançada em 2008), a coleção Graphic MSP (a partir de 2012), a série animada Mônica Toy (2013), a mudança para o novo estúdio (2017), os filmes live action (a partir de 2019).

Entre outras coisas. É realmente muita história, tudo ilustrado não só pelos desenhos, mas também com reproduções de capas e fotos emblemáticas. O que às vezes, principalmente mais para o final, dá uma sensação de lista de feitos narrada de forma corrida.

Talvez não houvesse outra solução diante do volume de informação do livro. No final, como material extra, ainda há uma galeria de fotos, uma entrevista com Mauricio de Sousa e uma relação de notas e curiosidades.

Enfim, hoje em dia, não faltam fontes para procurar os dados sobre a trajetória de vida e arte de Mauricio de Sousa. Mas não há dúvida de que esta é uma das mais divertidas, com um humor que consegue escapar entre o volume grande de eventos narrados.

*Coluna publicada originalmente na edição impressa do dia 13 de agosto de 2025.