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em junho

Alimentação e transporte motivam recuo da inflação

publicado: 28/06/2023 09h13, última modificação: 28/06/2023 09h13
IPCA-15 teve leve alta de 0,04%, em cenário de desaleceração em relação a maio
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Preços dos alimentos e bebidas reduziram 0,51% na prévia da inflação, após alta de 0,94% no mês anterior - Foto: EDUARDO MATYSIAK/FUTURA PRESS

por Thadeu Rodrigues*

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) registrou leve alta de 0,04%, em junho, em um cenário de desaceleração em relação ao índice de maio (0,51%). Quanto a junho de 2022, a taxa do IPCA-15 foi de 0,69%. O resultado da prévia da inflação do mês foi puxado pelas retrações nos segmentos de alimentação e bebidas (-0,51%) e transportes (-0,55%).

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indica que, nos últimos 12 meses, o IPCA-15 acumulou alta de 3,40%, abaixo dos 4,07% registrados nos 12 meses imediatamente anteriores. A redução dos preços dos combustíveis foi de 3,75% e impactou para a retração do segmento de transportes (-0,55%). O recuo só não foi maior por causa da inflação de 10,70% no custo das passagens aéreas. O preço da gasolina caiu 3,40%, e o subitem teve o maior impacto individual (-0,17 p.p.) no IPCA-15 de junho.

O índice é resultado do fim da paridade de preços do petróleo e dos combustíveis derivados com o dólar e o mercado internacional. Os demais combustíveis também registraram recuo nos preços: óleo diesel (-8,29%), etanol (-4,89%) e gás veicular (-2,16%).

Para o economista e professor da UFPB, Cássio da Nóbrega, os combustíveis têm um efeito de potencializar a economia para o bem ou para o mal, isto é, aumentando ou atenuando a inflação. “Além dos preços dos combustíveis em si, há um repasse aos preços finais de todos os produtos que são transportados pelo modal rodoviário. Há regiões onde está concentrada a produção agrícola e outras onde há concentração da produção industrial”, explica o professor.

Outros fatores que contribuíram para a queda no custo do item transportes são os preços do automóvel novo, que caíram 0,84% e impactaram numa redução de -0,03 p.p. no índice. No início do mês, o Governo Federal decidiu conceder créditos tributários às empresas que ofertarem descontos de R$ 2 mil a R$ 8 mil nos preços dos veículos, considerando critérios de sustentabilidade.

Alta de gastos com saúde

Já o impacto do reajuste de 9,63% dos planos de saúde, definido no último dia 12, foi mínimo. Segundo Cássio da Nóbrega, os efeitos serão aplicados aos consumidores ao longo de junho e no mês seguinte. Conforme a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), o índice é retroativo ao dia primeiro de maio. O resultado do grupo saúde e cuidados pessoais foi de alta de 0,19%.

O economista Cássio da Nóbrega indica que o consumidor tenha sempre uma planilha de gastos para evitar o descontrole das contas e o endividamento. “Tudo o que leva a novos custos deve ser considerado na definição do orçamento familiar para evitar déficit e cobrança de juros com o inadimplemento”, recomenda.

Itens básicos
Os preços dos alimentos e bebidas reduziram 0,51%, após alta de 0,94% no mês anterior. Segundo o IBGE, a alimentação no domicílio registrou deflação de 0,81%, impactada pelas reduções nos preços de óleo de soja (-8,95%), frutas (-4,39%), leite longa vida (-1,44%) e carnes (-1,13%). Por outro lado, o ovo de galinha (2,04%) e o pão francês (0,72%) tiveram aumentos.

O professor Cássio da Nóbrega destaca que os preços de alimentos dependem bastante da sazonalidade, bem como das safras das culturas. “A alta produção acarreta na redução dos preços”, aponta. Ele destaca que a redução no preço da carne, por exemplo, um produto de maior valor agregado, tem um impacto grande nos custos com alimentação.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 28 de junho de 2023.