Quem possui veículo próprio tem se deparado com preços cada vez mais altos nas bombas de combustíveis, especialmente a gasolina. De acordo com pesquisa do Procon de João Pessoa, até a semana passada, o preço da gasolina estava oscilando entre R$ 5,73 e R$ 6,09, nos postos da cidade. Na última segunda-feira (13), porém, a secretaria constatou que nove postos haviam aumentado os preços em R$ 0,40 e pediu explicações. A alta de preços tem levado muitos motoristas a dar preferência ao etanol.
A transportadora escolar Ana Lúcia Costa Carvalho é uma delas. Ela contou que costuma abastecer com etanol quando a gasolina está muito cara, o que tem acontecido ultimamente. “Porém, para a mecânica do carro, a longo prazo, não é tão vantajoso. Com a gasolina, o carro fica mais leve e com mais força. O álcool é um paliativo em questão de valores. O uso do álcool a longo prazo diminui o tempo de vida do motor”, comentou. Como trabalha com transporte escolar, ela destacou que o preço do diesel também está caro, mas nesse caso não há alternativa.
O técnico em eletrônica Kevin Douglas, da Kevin Auto Mecânica, concorda que o etanol pode causar um desgaste mais rápido do motor. “Recomendo sempre a gasolina comum”, disse, mas lembrou que, mesmo na gasolina, também há a mistura com etanol.
Como a queima do etanol é mais rápida e, consequentemente, seu rendimento é menor, para saber se é mais vantajoso abastecer com etanol ou gasolina, é preciso fazer um cálculo. Para valer a pena, o etanol deve custar menos de 70% do preço da gasolina. Os postos de gasolina devem disponibilizar esse cálculo pronto para o consumidor, deixando-o à vista em suas bombas.
O uso desse cálculo, porém, foi convencionado quando a gasolina possuía um percentual menor de etanol anidro adicionado. Atualmente, a gasolina é misturada com 27,5% de etanol anidro, e uma lei aprovada recentemente no Congresso Federal permitiu que essa mistura aumente para até 35%.
O aumento, porém, ainda não ocorreu, conforme observou o presidente do Sindicato da Indústria de Fabricação do Álcool da Paraíba (Sindalcool), Edmundo Barbosa. “A própria lei previa um período de testes. Em dezembro, a metodologia foi definida para uma elevação inicial de 30%”, afirmou. De acordo com Edmundo, a expectativa é que se tenha os resultados dos testes até o fim de março.
O consumo de etanol cresceu 54,75% na Paraíba, nos 11 primeiros meses de 2024, na comparação com o ano anterior. De janeiro a novembro, foram consumidos 171.429 m3 de etanol hidratado no estado, contra 110.777 m3 no mesmo período do ano anterior. Os dados são do Sindalcool e os números de dezembro de 2024 ainda não estavam fechados.
Para Edmundo Barbosa, o aumento ainda foi pouco. “Estamos num tempo em que já deveria haver mais discussão sobre essa redução das emissões [de CO2]. Deveria ter triplicado, quadruplicado”, disse ele, destacando que o etanol é mais sustentável.
Notificados
Sobre os postos que foram notificados por suspeita de aumento abusivo, o Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado da Paraíba (Sindipetro-PB) informou, por meio de sua assessoria de comunicação, que existe um movimento natural de mercado, fruto de encaminhamentos das distribuidoras de combustíveis. “Os postos, certamente, apresentarão as notas fiscais. E as notas vão comprovar que os postos apenas estão repassando o que as distribuidoras estão ditando”.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 15 de janeiro de 2025.