A demanda das empresas por crédito, na Paraíba, apresentou retração de 13,1% no mês de setembro, conforme o Indicador Serasa Experian divulgado na última semana. O estado segue tendência já apontada pelo Comitê de Política Monetária (Copom) em ata da sua última reunião, que indicou uma desaceleração na procura das empresas por crédito.
No período entre janeiro e setembro, a maior busca por crédito ocorreu no mês de março, com aumento de 27,2%. Ainda foi registrada alta nos meses de janeiro (19,2%), maio (14,9%), julho (18,5%) e agosto (3,3%). Em contrapartida, houve queda na demanda nos meses de fevereiro (10,5%), abril (20,8%) e junho (8,5%).
O Copom pontuou, em ata, que a desaceleração na concessão de crédito está em linha com a postura de política monetária. De acordo com o documento, foi observada uma maior desaceleração na concessão de crédito à pessoa jurídica, aliada a uma recomposição envolvendo relativamente menos crédito via setor bancário e mais via mercado de capitais.
“Prossegue uma heterogeneidade marcada entre os setores produtivos tanto nas taxas de juros de concessão quanto nos próprios volumes concedidos. Por sua vez, a concessão à pessoa física exibe menor desaceleração e uma recomposição favorecendo as modalidades de baixo custo. Em que pesem as condições monetárias restritivas, enfatizou-se que já se observa a transmissão do ciclo de política monetária esperada pelo mercado para as taxas correntes de novas concessões”, diz a ata.
O economista Rafael Bernardino avaliou que, o mês de setembro antecede o período das maiores compras para o final do ano, principalmente no comércio, de forma que é natural uma queda na demanda por crédito nesse mês, a qual deverá crescer mais para o final do ano. “A atividade econômica ainda se encontra numa fase de baixo dinamismo porque os juros de forma geral ainda estão relativamente altos, principalmente para quem toma crédito e há certa expectativa para a sua redução e isso retarda as decisões de investimento das empresas”, pontuou.
Empréstimo
A empresária Priscila Pontes, da loja Precinho Leve, se antecipou e optou por contratar empréstimo no programa “Eu Posso” da Prefeitura Municipal de João Pessoa, para garantir um estoque maior aos seus clientes nas compras de final de ano. “Para melhorar o meu negócio de uma forma que não comprometesse tanto o orçamento, consegui o dinheiro pra pagar parcelado e com certeza esse dinheiro vai me trazer ótimos benefícios. É uma oportunidade de elevar o meu empreendimento sem pagar juros tão altos”, justificou.
Especialistas orientam gestão financeira
A Paraíba registrou a quinta maior retração do país na busca de consumidores por crédito no mês de setembro. Segundo a Serasa Experian, houve queda de 19,4% no período analisado no estado, após dois meses consecutivos com aumentos de 5,6% e 6,7%, nos meses de julho e agosto, respectivamente. Em todo o país, a busca dos brasileiros por recursos financeiros apresentou redução de 13,7%.
“A redução da inflação e da taxa básica de juros ainda não surtiu efeito na economia. Por isso, continuamos registrando números negativos no indicador. Outra questão é que o spread bancário e as taxas de empréstimos estão maiores do que no ano passado e encarecem o crédito, desencorajando os consumidores a buscarem por recurso financeiro. A tendência é que o indicador mantenha a queda até dezembro, mas em menor escala”, explica o economista da Serasa Experian, Luiz Rabi.
Banco do Nordeste
Para o uso do crédito é importante que a empresa faça sua gestão administrativa e financeira para saber quais são suas receitas e as despesas fixas e variáveis, de forma a administrá-las com equilíbrio. O alerta é do superintendente do Banco do Nordeste (BNB) na Paraíba, João Nilton Castro Martins.
Além disso, é necessário conhecer elementos importantes para utilizar o crédito de modo consciente, como: custo efetivo total (CET), liquidação antecipada e portabilidade. “A CET é a taxa que leva em conta todos os encargos e despesas incidentes nas operações de crédito, como taxa de juros, tributos, tarifas, seguros, custos de registro de contrato. Por ser o somatório dos diversos elementos que compõem a taxa final das operações, é de suma importância considerar os Custos Efetivos Totais antes de contratar uma operação de crédito”, afirmou o superintendente.
O BNB presta apoio aos empresários em diversos contextos, seja para implantação e expansão, reforma e modernização; aquisição de máquinas, equipamentos e veículos; crédito para franquias, capital de giro em diversos setores da economia, como educação, cultura, comércio, indústria, turismo, serviços, tecnologia e meio ambiente.
Para cada linha de crédito disponível, é analisado o porte da empresa e as condições de pagamento para aprovação do limite. Por exemplo, o “Capital de Giro – Giro Flash” é um crédito parcelado em que os empresários utilizam para pagamento dos compromissos e organização de caixa. “É fundamental que cada empresa faça a gestão de suas finanças para que tenha condições de tomar crédito de forma a quitar o empréstimo”, finalizou o superintendente.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 14 de novembro de 2023.