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Contêineres viram opção como pontos comerciais

publicado: 15/09/2025 09h10, última modificação: 15/09/2025 09h10
Rapidez na instalação, baixo custo e mobilidade tornam modelo atrativo
2025.08.25 empreendimentos em containers © Carlos Rodrigo (10).JPG

Visual moderno e apelo sustentável conquistam a curiosidade e preferência dos clientes | Fotos: Carlos Rodrigo

por Carolina Oliveira*

Combinando modernidade, sustentabilidade e economia, a escolha pelo contêiner para estruturas comerciais, outrora uma novidade, já é consolidada como uma alternativa prática, flexível e de rápida implantação para quem deseja começar um negócio com um ponto comercial físico. As vantagens deste modelo incluem a agilidade na montagem, a mobilidade, o menor impacto ambiental, além do apelo visual, que pode atrair o público consumidor.

André Coutinho, proprietário do coworking Clubjob, também é sócio do Container 932, bar que nasceu durante a negociação do espaço da calçada da primeira empresa. A estrutura em contêiner mostrou-se a opção mais adequada para ocupar a área com o novo negócio. “O local já possui uma excelente visibilidade e conta com o público gerado pelo próprio Clubjob, que também dispõe de um auditório, garantindo um fluxo constante de pessoas e favorecendo ainda mais o negócio”.

Para o empresário, a principal vantagem foi o aspecto financeiro. “Em qualquer outro ponto escolhido, seria necessário investir em reformas ou adaptações mais complexas. Já com o contêiner, além de reduzir esses custos, existe a flexibilidade de, em caso de mudança, transportá-lo facilmente em um caminhão ou até mesmo vendê-lo, se for preciso”.

O fator sustentabilidade é um outro ponto importante, já que o novo uso dado à estrutura metálica de 20 pés escolhida, promove o reaproveitamento de materiais, algo cada vez mais valorizado pelo consumidor pessoense. “É uma escolha moderna e descolada, que desperta o interesse dos clientes”, argumenta.

Franquias

Há cerca de um ano, Fernanda Cartaxo abriu uma franquia da Cacau Show em um contêiner, atraída pela praticidade do formato. “Ele já veio pronto, só foi preciso ligar a energia e o espaço já estava apto a receber clientes. A flexibilidade e a rápida montagem foram fatores decisivos. O custo reduzido de instalação em comparação a um imóvel tradicional também motivou a decisão”.

O negócio de Fernanda funciona na entrada do supermercado Atacadão, e ela reforça a importância de escolher pontos estratégicos, que unam espaço de convivência e grande circulação de pessoas. “O contêiner se destaca visualmente, criando curiosidade. E estar em um espaço ao ar livre proporciona um ambiente convidativo, ideal para socializar”, opina a empresária.

As vantagens desse modelo de negócio incluem a redução de custos de instalação e manutenção, a possibilidade de personalização do espaço e a mobilidade. “Além de poder mudar de local, se necessário, o formato inovador nos diferencia da concorrência. Em termos de vantagens econômicas, estimo que a instalação em contêiner custou cerca de 30% a menos em comparação com uma construção convencional”. A empresária também ressalta que os custos recorrentes são menores, já que o modelo demanda menos gastos com manutenção, o que favorece uma gestão financeira mais eficiente.

Estrutura

Proprietária da Pé de Sertão, especializada em produtos alimentícios e artesanais do interior do Nordeste, Samira Melo explica que comprou a loja em julho do ano passado. “Quando fiz a aquisição, o contêiner já estava aqui. Sou proprietária da estrutura, mas não do terreno, então, se um dia eu quiser sair daqui, seria possível eu levar o contêiner todo, a loja em si, para um outro local. Exige um pouco, porque não é uma coisa que a gente coloca embaixo do braço e vai embora. Mas, com certeza, é muito mais fácil do que outras estruturas”.

Para fazer com que o espaço começasse a funcionar, Samira conta que precisou fazer algumas adaptações. “É uma estrutura totalmente metálica, bem robusta, então, para fazer recortes, furar ou fazer qualquer coisa nele, você tem que ter equipamentos e mão de obra adequados”, comenta.

Por isso, ela recomenda ter planejamento para fazer todos os serviços de uma vez. “Para que fosse possível ter uma pia aqui, por exemplo, tivemos que abrir espaço para que passasse toda a tubulação de encanamento de água e esgoto e, ainda, toda a fiação elétrica que fica aparente, inclusive”, exemplifica. 

Adaptações internas demandam mão de obra qualificada

Medidas para garantia do conforto térmico são fundamentais, por isso a estrutura recebeu um revestimento interno em MDF. “Como é metálico, é preciso ter um ar-condicionado, ainda existe uma telha, justamente para escoar a água melhor, e para não aquecer tanto”, constata.

Samira conta que já trabalhou com contêiners em outras situações, e que eles têm prazos de validade e passam por inspeções periódicas, para que estejam aptos a transportar cargas de importação e exportação. “Esses contêineres que seriam descartados quando não têm mais utilidade para o transporte marítimo, são destinados a outros tipos de uso, então foi sendo estabelecida uma demanda por eles em outros setores”.

Atualmente, conforme aponta Samira, o acesso a uma estrutura desse tipo é fácil e rápido. “A caixa já está ali. Você só precisa fazer essas mudanças internas que, querendo ou não, são simples, apesar de demandarem algum nível de investimento. E, com certeza, é uma obra limpa, com menos tempo de mão de obra, e sem tanto descarte e entulho”.

A robustez da estrutura garante longevidade e pouco investimento a longo prazo. “Como se trata de uma espécie de caixa metálica, que é feita para ficar recebendo maresia o tempo todo, a gente não vai ter problemas de descascar a pintura de uma parede, dar mofo, por exemplo, não tem problema com goteira, ou infiltração. De fato, a praticidade é o grande destaque, e isso eleva muito a relação custo-benefício do investimento”, conclui Samira.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 14 de setembro de 2025.