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Custo da construção civil na PB tem menor alta do NE

publicado: 13/08/2025 08h47, última modificação: 13/08/2025 08h47
No entanto, preço do m2 chega a R$ 1.752,28, sendo o terceiro maior da região
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No comparativo entre junho e julho deste ano, foi registrada a variação de 0,20% no custo dos materiais usados em obras | Foto: Gabriel Guimarães/Arquivo pessoal

por Camila Monteiro*

O preço médio da construção civil na Paraíba registrou alta de 1,47% no acumulado de janeiro a julho deste ano, em comparação com o mesmo período de 2024. Em valores absolutos, o aumento corresponde a R$ 23,02 no custo do m2. Esse avanço ficou abaixo das médias nacional (3,21%) e nordestina (3,8%), posicionando o estado como o terceiro com menor variação no país — superior apenas ao Amazonas (0,89%) e Mato Grosso (1,09) — e o menor índice da região Nordeste. Os dados são do Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil (Sinapi), divulgados, ontem, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Em julho, o custo médio da construção civil na Paraíba teve variação de 0,13%, uma queda de 0,33 ponto percentual (p.p.) em relação a junho, quando a taxa foi de 0,46%. Com isso, o valor do m2 passou de R$ 1.750,08 para R$ 1.752,28. O preço está acima da média do Nordeste (R$ 1.727,22) e é o terceiro mais alto da região, atrás apenas do Maranhão (R$ 1.803,82) e do Ceará (R$ 1.753,02). Entre os estados vizinhos, o custo foi de R$ 1.669,89, em Pernambuco, e R$ 1.725,35, no Rio Grande do Norte. Apesar disso, a Paraíba segue abaixo da média nacional (R$ 1.848,39).

No acumulado de 12 meses, o estado registrou uma variação de 3,42%, ficando abaixo das variações médias brasileiras (5,25%) e regional (5,52%).

Insumos mais caros

De acordo com o economista-chefe do Sindicato da Indústria da Construção Civil de João Pessoa (Sinduscon-JP), Werton Oliveira, o aumento do preço médio pode ser influenciado por diversos fatores, como despesas com insumos, mão de obra e necessidade de reformas pelos efeitos sazonais.

“As construtoras podem ter enfrentado maiores pressões de preços de materiais no mês de coleta das informações. Além disso, com a escassez de profissionais qualificados, os salários podem ter aumentado para atrair mais trabalhadores. Por último, pode ter havido um aumento temporário na demanda por reformas devido a eventos climáticos, como as fortes chuvas, o que pode pressionar os custos no curto prazo”, explicou o economista.

As justificativas são corroboradas pelos dados divulgados pelo IBGE, que demonstraram uma variação de 0,20% nos gastos com materiais, que foram de R$ 1.065,55, em junho, para R$1.067,75, em julho, na Paraíba.

Werton destaca que o padrão dos empreendimentos no estado influencia o custo dos materiais utilizados. “Os empreendimentos do estado, mesmo os do projeto Minha Casa, Minha Vida, são com materiais de alta qualidade. E por isso o valor da obra sobe”, constatou.

Já o dispêndio médio da mão de obra vem se mantendo o mesmo desde fevereiro deste ano, R$684,53. O engenheiro civil Gabriel Guimarães, que atua no mercado paraibano há 13 anos, afirma que apesar de não ter havido variação, o preço mantém-se elevado e isso ocorre em decorrência da falta de mão de obra no setor. “Está tendo uma escassez de trabalhadores, os funcionários bons já estão trabalhando. Nós estamos tendo bastante dificuldade em ter reposição de mão de obra. Tem construtora com 10 obras simultâneas e não há uma base de funcionários para essa quantidade, então o preço da mão de obra se mantém elevado”, afirmou.

Ainda de acordo com o engenheiro, “hoje, como o mercado está aquecido, não é nem difícil você fazer uma obra e vender, comercializar. Às vezes, uma das coisas mais difíceis é você conseguir montar uma equipe para fazer um empreendimento com qualidade”, destacou.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 13 de agosto de 2025.