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Custo médio tem 15ª alta seguida; setor nega risco

publicado: 11/09/2025 08h58, última modificação: 11/09/2025 08h58
Preço final do metro quadrado, em João Pessoa, segue entre os menores do país
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Valor do m2 é de R$ 1.758,97 na capital paraibana | Foto: Carlos Rodrigo

por Joel Cavalcanti*

O custo médio da construção civil na Paraíba registrou, em agosto, a 15ª alta consecutiva, segundo dados do Índice Nacional da Construção Civil (Sinapi), divulgado pelo OInstituto Brasileiro de Geografia e Estatistica (IBGE). Mesmo assim, construtores e empresários do setor ainda não enxergam o movimento como um problema imediato, já que o preço final do metro quadrado (m2), em João Pessoa, permanece entre os menores do país.

Em agosto, o valor médio do m2 no estado passou a ser de R$ 1.758,97, um aumento de 0,38% em relação a julho. O índice ficou abaixo da média nacional, que teve variação de 0,79%, e próximo à do Nordeste, de 0,36%. Com esse resultado, a Paraíba ocupa agora a 4ª posição no ranking regional e a 8ª no cenário nacional.

O levantamento mostra, ainda, que a alta foi puxada pelo componente material, que cresceu 0,63% no período, enquanto o custo da mão de obra ficou estável pelo oitavo mês seguido. No acumulado de 2025, o estado registra variação de 1,85% — a segunda menor do país.

Para Pedro César, presidente do Conselho Fiscal do Sindicato da Indústria e da Construção Civil de João Pessoa (Sinduscon-JP) e sócio da Eco Construtora, empresa com 24 anos de atuação no mercado de alto padrão em João Pessoa, os aumentos acima da inflação têm sido sentidos no dia a dia do setor. “A inflação está galopante, e na construção civil o impacto é direto. O aumento de custos é perceptível e toda a cadeia produtiva sofre. Muitas vezes, precisamos fechar compras imediatamente, porque sabemos que no mês seguinte haverá reajustes expressivos. As construtoras têm tentado segurar os preços, reduzindo margens de lucro, mas a pressão é real”, disse.

O economista Werton Oliveira, do Sinduscon-JP, aponta três fatores que explicam a pressão sobre o índice. “Primeiro, há variações sazonais de insumos, como a areia, cujo preço sobe quando há escassez momentânea. O segundo ponto está no ciclo das obras, já que em determinadas fases há uso mais intenso de materiais caros. E o terceiro é o padrão dos empreendimentos em João Pessoa, que vem se elevando e exigindo produtos de maior qualidade”, afirma o especialista.

Apesar das sucessivas altas, Oliveira ressalta que o Sinapi deve ser lido com cautela, já que é um indicador de referência, mas não reflete a diversidade do mercado imobiliário. “O valor do Sinapi é muito usado por empresas que trabalham com obras públicas e também por consumidores como um parâmetro, mas não traduz exatamente a realidade de cada empreendimento”, observou.

Na avaliação de Pedro César, o cenário atual não compromete a vitalidade do mercado imobiliário. “O setor está muito aquecido e esses reajustes não têm afastado nem consumidores nem investidores. Ao contrário, há ainda muito espaço para crescer em João Pessoa. Os aumentos são uma realidade, mas não configuram risco para a construção civil no estado”, afirmou.

Ele destaca que fatores como localização e padrão construtivo influenciam fortemente os custos. Terrenos escassos em áreas de orla, por exemplo, elevam os preços, enquanto regiões com maior disponibilidade de lotes tendem a ser mais baratas. Na visão do setor, construir na Paraíba continua sendo vantajoso. A perspectiva para o setor, segundo a análise do economista, continua positiva.

Para o empresário, a competitividade da capital paraibana permanece como um diferencial. “Mesmo com os aumentos, o m2 em João Pessoa continua muito atrativo. A cidade vem crescendo de maneira sustentável, sem perder qualidade de vida, e isso é um fator decisivo para manter o interesse de quem deseja investir ou morar aqui”, avaliou.

A vantagem competitiva da Paraíba também é ressaltada pelo economista. “O m2 de João Pessoa ainda é um dos menores do país, ficando entre as capitais mais baratas”, afirma. Ele acrescenta que, diferente do pico de preços visto durante a pandemia, os reajustes atuais têm se acomodado, e nem empresários nem consumidores têm feito reclamações generalizadas sobre uma disparidade nos valores dos imóveis.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 11 de setembro de 2025.