Educação, empreendedorismo e tecnologia estão andando de mãos dadas para transformar a vida de jovens em situação de vulnerabilidade em João Pessoa. Um projeto que ensina programação a jovens da capital paraibana foi selecionado no edital “Educar para Transformar”, da construtora MRV. Com isso, a Associação Beneficente São José (ABSJ) recebeu R$ 100 mil para investir no projeto Mangabyte, que visa criar um aplicativo de serviços voltado para o bairro de Mangabeira, onde funciona a associação.
De acordo com o coordenador pedagógico da ABSJ, Gilson Filho, o objetivo da associação, que tem 32 anos de existência, é capacitar jovens em situação de vulnerabilidade para o mercado de trabalho, oferecendo diversos tipos de cursos, de acordo com as demandas da população. “Geralmente, é a própria população que nos pede para fazer curso de cabeleireiro, de designer de sobrancelha, etc.”, explicou.
Nos últimos anos, porém, a associação decidiu apostar mais em tecnologia e foi assim que se inscreveram no edital da MRV. “O critério era que fosse um produto que pudesse gerar renda”, afirmou Gilson. A empresa recebeu 154 inscrições de todo o país, das quais foram selecionados 10 projetos, entre eles o Mangabyte.
O coordenador contou que, no momento, os principais cursos da associação voltados para a tecnologia são o de fundamentos básicos da programação, com a linguagem de programação Portugol, e desenvolvimento web, com as linguagens HTML, CSS e Javascript. A ABSJ também está promovendo uma oficina de desenvolvimento e criação de aplicativos para celulares.
Com esses conhecimentos, 12 jovens agora se dedicam a desenvolver o aplicativo Mangabyte. Uma delas é Kauane Barbosa, de 18 anos. Ela contou que tinha feito um curso de introdução à programação no ano passado e acabou sendo convidada pela associação para se integrar à equipe desse projeto. Embora, atualmente, trabalhe em um supermercado, ela contou que no futuro pretende trabalhar com o que aprendeu no curso.
“Foi como se uma porta se abrisse. Até então, eu não tinha conhecimento sobre a área de programação e me interessei bastante logo nos primeiros dias de curso. Quero levar esse aprendizado para a minha vida profissional”, afirmou.
O app
A ideia é que o aplicativo apresente as opções de comércio e serviços existentes no bairro. “Se eu estiver em Mangabeira e quiser almoçar, por exemplo, posso abrir o aplicativo e ver todos os restaurantes e lanchonetes, ver se é comida regional, etc.”, detalhou Gilson.
Ele contou que já está buscando parcerias na região. “O Armazém Paraíba, por exemplo, já tem uma parceria com a instituição e eles devem entrar no aplicativo”, afirmou. Com isso, cada comerciante interessado em divulgar seu negócio deve pagar uma taxa para ter seu próprio espaço dentro da aplicação.
Se o negócio der certo, os jovens envolvidos no projeto terão empregos garantidos na manutenção do app. Além disso, com os cursos que fizeram, eles podem seguir criando outros produtos. “Eles terão autonomia para conseguir clientes e fazer outros aplicativos com o que eles aprenderam”, comentou o coordenador pedagógico. Ele reforçou, inclusive, que o aplicativo tem potencial para se expandir além de Mangabeira, abrangendo ouros bairros da Zona Sul de João Pessoa.
Trabalhando na associação desde maio de 2022, Gilson contou que a ABSJ já capacitou cerca de 150 adolescentes e jovens nesse período. O público alvo dos cursos está entre 14 e 24 anos, dependendo de quais sejam as aulas.
Impacto
A gestora geral do Instituto MRV, Blenda Alves, contou que o programa Educar para transformar foi criado em 2016 e já teve oito editais, impactando mais de 200 mil pessoas por meio de 50 projetos apoiados, com um investimento de mais de R$ 5 milhões.
“O Instituto MRV tem compromisso com a transformação social e o desenvolvimento sustentável. Nós acreditamos no poder transformador da educação, por isso realizamos o Educar para Transformar”, disse.
“Estamos muito felizes com o Mangabyte e com o que ele tem gerado de resultados. Ao final do projeto, esperamos que tenha um aumento significativo na empregabilidade desses jovens, o que vai chancelar o sucesso da parceria da Associação Beneficente São José com o Instituto”, declarou Blenda Alves.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 25 de junho de 2024.